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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Brasileiro paga gasolina de 'primeiro mundo'


Brasileiro paga gasolina de 'primeiro mundo'
Por Bruno Villas Bôas (bruno.villas@oglobo.com.br) | Agência O Globo - 12 horas atrás

Rio - Mesmo com o controle de preço dos combustíveis pelo governo - uma tentativa de estabilizar a inflação ao consumidor no país - o motorista brasileiro paga um dos litros de gasolina mais caros do mundo. Uma pesquisa da consultoria americana Airinc, obtida pelo GLOBO, mostra que a gasolina comum vendida nos postos do país (R$ 2,90 por litro) custa 40% a mais do que em Buenos Aires (R$ 2,08) e 70% acima do comercializado em Nova York (R$ 1,71). Os dados foram coletados em 35 países, no mês de janeiro, e revela que a gasolina brasileira ocupa a 13ª posição entre as mais caras do mundo, próximo de países desenvolvidos. Como na Noruega, onde o combustível chega a custar R$ 4,49. Também estão à frente do Brasil, Inglaterra e Itália.
Segundo especialistas, os impostos cobrados sobre o produto nas bombas são os responsáveis pela distorção. O preço do combustível ao consumidor é atualmente composto por 39% de carga tributária (ICMS, Cide, PIS/Pasep e Cofins). Outros 18% são a margem da distribuidora e revendedora; 9% são o custo do álcool anidro (que é adicionado à gasolina) e mais 34% referem-se ao custo da refinaria.
Segundo Alisio Vaz, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), o principal problema está no imposto na esfera estadual. No Rio, por exemplo, o governo do estado cobra 31% de ICMS sobre a venda da gasolina. Isso representa R$ 0,90 do preço do produto.
- Não é nosso papel ficar reclamando de tributação. Quem tem que fazer isso é o consumidor. O imposto é estabelecido pelos poderes Executivo e Legislativo. Mas a carga tributária é sim muito alta - afirmou Vaz, para quem o peso tributário torna desprezível, por exemplo, os problemas logísticos do país na distribuição de combustíveis, o que aumentaria em "alguns centavos de real o custo final do produto".
Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, no entanto, política tributária do combustível no país está correta. Ele explica que uma gasolina barata aumentaria o consumo do produto, causador de poluição, e beneficiaria apenas a parcela da população que tem dinheiro para ter automóvel:
- Uma gasolina barata não beneficiaria a coletividade. Reduzir impostos da gasolina significaria abrir mão de arrecadação para outros objetivos, como saúde e educação. Esse recurso pode ir para melhorar metrô, transporte coletivo. Gasolina barata é coisa de país pouco desenvolvido.
O tema é controverso. A classe C tem sido a principal responsável pelo aumento do consumo de combustíveis e pela compra de automóveis no Brasil. Segundo o antropólogo Everardo Rocha, da PUC-Rio, a carência de transportes públicos de qualidade muitas vezes exige a compra de um carro.
- Uma gasolina mais barata também incentivaria a indústria e a economia inteira. Foi assim nos EUA. Uma gasolina barata não é uma questão apenas de classe social. E quem garante que os recursos arrecadados são revertidos em investimento ou se perde em coisas menos importantes? - disse Rocha.
O combustível brasileiro aparece na pesquisa com o mais caro da América Latina, superando países como Chile (R$ 2,71), México (R$ 1,29) e Venezuela (R$ 0,03). Esta última tem o combustível mais barato do mundo.
O preço do combustível brasileiro não é mais caro porque a Petrobras vende o produto a preços subsidiado na refinaria, o que chegou a prejudicar o resultado da companhia no quarto trimestre do ano passado, cujo lucro caiu 52% frente ao mesmo período do ano anterior. E isso pode aumentar a pressão na estatal por um reajuste de preços.
Em entrevista exclusiva ao GLOBO publicada nesta quarta-feira, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que "num tempo determinado, os preços terão que ser ajustados" ao ser perguntada sobre os impactos da perdas com combustíveis da companhia no ano passado. "Comparando 2011 com 2010, tivemos uma diferença de R$ 2,8 bilhões, o que é muito", acrescentou Graça Foster.
Segundo a Petrobras, a companhia recebe sem impostos R$ 1,02 para cada litro de gasolina comum vendida nos postos, considerando um valor de R$ 3 por litro. A empresa acrescenta que não tem ingerência sobre o valor restante (R$1,98). "Portanto o preço final da gasolina no varejo não depende exclusivamente da companhia, mas envolve outros agentes", acrescentou em nota.
Adriano Pires , do Cbie, defende a livre flutuação de preço do combustível e afirma que o governo brasileiro erra ao usar a gasolina como mecanismo de controle de inflação.
- O governo brasileiro tem que procurar outros meio de controlar a inflação sem ser pelo controle de preço do combustível. Em outros países, quando o preço do petróleo sobe, o custo da gasolina cresce - explica.
O produto comercializado pela Petrobras está 16% mais barato na gasolina e 21% mais barato no óleo diesel em relação ao preço lá fora. Por isso, a estatal deixou de arrecadar R$ 7,8 bilhões em 2011.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Brasil contra México, uma batalha de gigantes

Como comentado em postagem anterior.
Se o Brasil não souber aproveitar o boom econômico pelo qual estamos passando, e sendo a sorte do mundo quanto ao interesse de dividir os investimentos por aqui, corremos o sério risco de em pouco tempo destruirmos o pouco que até então foi conquistado e mergulharmos numa onda de miséria, segregação econômica e concentração de renda ainda maior.
Ser constantemente chamado de país do futuro sem investir para tanto nisso, poderá se revelar como continuar sendo a maior colônia de exploração do mundo moderno, dado as suas riquezas naturais.
JD

  


O Brasil tem a maior economia da América Latina; o México tem a segunda maior. O Brasil está na moda agora; o México não está.
Analistas financeiros, acadêmicos e a mídia veem o Brasil como sendo uma história de sucesso; o México, como um fracasso.

O Brasil espera pela Copa do Mundo de futebol de 2014, pelos Jogos Olímpicos de 2016 e pelas riquezas das recém-descobertas reservas em alto-mar do chamado petróleo pré-sal.

O México, por outro lado, é visto como uma zona de guerra: economicamente estagnado; presa da violência das drogas, instabilidade e violações de direitos humanos; politicamente paralisado; e gradualmente cada vez mais dependente dos Estados Unidos, apesar dos ocasionais impulsos anti-ianques dos mexicanos.

É claro que essa comparação irrita os mexicanos e agrada os brasileiros. Durante os anos 90, a narrativa era exatamente a oposta, gerando ira dos brasileiros e arrogância dos mexicanos.

Os líderes empresariais mexicanos e membros da comentocracia ficam incomodados com o contraste com o Brasil –e também invejosos. Para um setor da esquerda política e intelectual do México, as realizações do Brasil são uma arma para atacar o governo mexicano: veja quão bem o Brasil de esquerda está se saindo; vamos fazer o mesmo.

Enquanto isso, qualquer comparação favorável com o México incita as ambições regionais e internacionais do Brasil: que melhor motivo para sustentar a liderança do Brasil do que evitar um declínio como o do México, com sua história de fracassos e sua saída virtual da América Latina? O México está pendendo para o norte, não para o sul.

Para o restante do mundo, os brasileiros estão vivendo um conto de fadas; os mexicanos, uma história de horror.

Na verdade, os números não corroboram. Uma surpresa é que no ano passado a economia do México cresceu mais do que a brasileira: 4% do produto interno bruto em comparação a 3% no Brasil. Para 2012, o México espera um crescimento de 3,5%; o Brasil, 3%. Se os Estados Unidos sustentarem sua recuperação e a China e a Europa sofrerem reveses, é possível que a economia do México supere em crescimento a do Brasil pelo segundo ano consecutivo.

Os dados mostram que o famoso milagre brasileiro está começando a perder força. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, sentiu a necessidade de reduzir os excessivos gastos pré-eleitorais ordenados por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. E a taxa de inflação do Brasil é quase o dobro da taxa do México.

É verdade que a classe média brasileira cresceu e atualmente representa uma maior proporção da população do que no México. E desde 2000, o Brasil tem se saído melhor do que o México na redução da pobreza. Nós veremos se as recentes estatísticas econômicas do México reverterão a tendência.

O México tem se saído melhor do que o Brasil em índices como educação, meio ambiente e saúde, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU de 2011: no geral, o México ocupou o 57º lugar entre os países; o Brasil ficou em 84º.

No ano passado, o produto interno bruto per capita do México foi estimado em US$ 15.100; o do Brasil, US$ 11.600. As estatísticas mais recentes (2008-2009) para o chamado coeficiente de Gini, que mede a desigualdade entre ricos e pobres, mostram que o México é ligeiramente mais igual do que o Brasil.

Como o mundo avalia os dois países é, em parte, uma questão de relações públicas. Os dois últimos governos do Brasil e o seu atual elaboraram um programa magistral de autopromoção internacional.

Os dois últimos governos do México se saíram modestamente bem na proclamação das realizações do país. Mas sob o atual presidente Felipe Calderón, a imagem do México parece incansavelmente sombria.

O governo Calderón se concentrou excessivamente na guerra contra o crime organizado. Os resultados –cerca de 47 mil mortos em cinco anos, segundo as estatísticas oficiais– criaram uma percepção de catástrofe no México que não reflete a realidade econômica e social do país.

Por um lado, o México está melhor posicionado do que o Brasil para aproveitar as tendências atuais na economia global. A principal exportação do México é de produtos manufaturados (quase três quartos do total de suas exportações), principalmente para os Estados Unidos. Uma economia americana mais saudável aumenta a demanda pelas exportações mexicanas, que por sua vez criam empregos mexicanos.

O Brasil, por sua vez, se apoia mais nos commodities (café, minério de ferro e soja) do que em manufaturados. Os commodities representam quase 45% das exportações do Brasil.

A China se tornou a maior cliente do Brasil. Mas a economia superaquecida da China está exibindo sinais de esfriamento. E os preços de alguns commodities exportados pelo Brasil também esfriaram.

A posição do México no setor manufatureiro e sua integração com a economia da América do Norte parecem boas apostas.

Em breve, os pontos de vista do mundo a respeito do Brasil e do México vão mudar. Um novo presidente mexicano tomará posse em 12 de dezembro –presumivelmente alguém com uma nova abordagem em relação à guerra contra as drogas.

Em 2014, a Copa do Mundo exporá as deficiências do Brasil em infraestrutura, comunicações, turismo e até mesmo segurança, revelando a realidade por trás da reputação.

Durante as duas últimas décadas, Brasil e México se comportaram de modo mais ou menos igual em termos de suas políticas econômicas, sociais e políticas, apesar da atual nostalgia no México pelo Partido Revolucionário Institucional; e, no Brasil, arrogância a respeito do Partido dos Trabalhadores. Os dois países apresentam histórias de relativo sucesso –e decepções recorrentes.

Nenhum país conquistou uma vantagem permanente sobre o outro, exceto em dois reinos onde os brasileiros são infinitamente melhores do que os mexicanos: futebol e vanglória.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Demitida por engordar, ex-Vigilantes do Peso pede indenização


No programa de emagrecimento, a empresa argumenta que os orientadores não podem engordar porque a função deles é motivar as pessoas a perderem peso

Terça, 13 de Fevereiro de 2012, 22h34
Mariângela Gallucci, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O Tribunal Superior do Trabalho (TST) vai ter de decidir se uma ex-orientadora dos Vigilantes do Peso, que engordou 20 quilos, poderia ou não ter sido demitida por justa causa. A trabalhadora quer garantir o recebimento de indenização por danos morais e das verbas rescisórias devidas em caso de demissão sem justa causa, como a multa de 40% sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Mas a empresa sustenta que o contrato previa a dispensa no caso de ela engordar.
No programa de emagrecimento, a empresa argumenta que os orientadores não podem engordar porque a função deles é motivar as pessoas a perderem peso.
No caso específico sob análise do TST, a ex-orientadora foi contratada em 1992, quando pesava 74 quilos. Ao ser demitida por indisciplina, em 2006, ela estava com 93,8 quilos, informou o tribunal.
Iniciado na semana passada, o julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Renato de Lacerda Paiva quando o placar estava empatado em 1 a 1. O relator do recurso, ministro Guilherme Caputo Bastos, votou contra o pedido da ex-orientadora.
Contrato
De acordo com ele, apesar das cláusulas do contrato, a trabalhadora descumpriu um item que determinava a manutenção de um peso ideal. Por esse motivo, diz, a despedida teve justa causa já que a empresa poderia estar "trabalhando contra si própria" ao manter em seus quadros uma orientadora fora dos padrões exigidos.
Em seguida, o ministro José Roberto Freire Pimenta votou e discordou do relator. Para ele, a cláusula é abusiva e desrespeita direitos fundamentais da trabalhadora. Segundo ele, não é possível obrigar uma pessoa a se comprometer a não engordar. "Essa empregada engordou porque quis?", indagou.
Pimenta concluiu que a demissão não teve justa causa e, portanto, a trabalhadora deveria receber as verbas rescisórias e uma indenização de R$ 20 mil.
Antes de chegar ao TST, o caso foi analisado pela Justiça do Trabalho de São Paulo. Lá, a ex-orientadora não teve sucesso. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) concluiu que a exigência de manutenção do peso tinha justificativa na própria natureza do trabalho desenvolvido por ela e pela empresa.
Segundo o TRT, aceitar o contrário "seria o fim da própria empresa, com o consequente descrédito da marca e da organização".

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Brasil atinge marca de R$ 200 bilhões de impostos pagos em 2012


Economia
13/02/2012 - 06h00

Brasil atinge marca de R$ 200 bilhões de impostos pagos em 2012

Do UOL, em São Paulo
O Brasil atinge, por volta das 16h30 desta segunda-feira (13), a marca de R$ 200 bilhões de tributos federais, estaduais e municipais pagos desde o primeiro dia deste ano, revelam dados do Impostômetro da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
Neste ano, a marca será atingida nove dias antes do que no ano passado, quando o montante foi alcançado em 22 de fevereiro, o que comprova o crescimento da arrecadação tributária.
"Em seis anos, a arrecadação de impostos no Brasil duplicou, mas o crescimento do País não dobrou. É passada a hora de o brasileiro se enxergar como pagador de impostos e não como mero contribuinte. Somente com a consciência de cidadãos é que vamos nos mobilizar para cobrar uma melhor utilização do dinheiro público”, disse o presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo ), Rogério Amato.

Histórico

Em 2005, o Brasil arrecadou R$ 773 bilhões, enquanto em 2006 a arrecadação cresceu 11,3%, se comparada ao ano anterior. No ano de 2007, o valor dos tributos acumulados aumentou em R$ 110 bilhões, 13,5% a mais que em 2006.
Já em 2008, a arrecadação foi 13,9% maior que a de 2007 e, no ano de 2009, a arrecadação aumentou em R$ 34 bilhões, ou seja, 3,2% sobre o ano imediatamente anterior.
Por fim, em 2010, a arrecadação anual de impostos subiu 10,3%, na comparação com o ano de 2009, e em 2011 foram arrecadados R$ 1,5 trilhão, um aumento de 15% com relação a 2010.

Impostômetro

O painel do Impostômetro foi inaugurado em 20 de abril de 2005 e está instalado no prédio da sede da ACSP.
Também pela internet qualquer cidadão pode acompanhar o total de impostos pagos pelos brasileiros aos governos federal, estadual e municipal, de acordo com os estados e municípios.
O sistema informa ainda o total de impostos pagos desde janeiro do ano 2000 e faz estimativas de quanto será pago até dezembro deste ano.

Físico prevê nova onda do capitalismo em trinta anos



Para Michio Kaku, a onda será baseada em bio e nanotecnologia, e telecomunicações

Segunda, 12 de Fevereiro de 2012, 18h43
Carla Peralva, de O Estado de S. Paulo
Terminou no sábado, 11,  a quinta edição da Campus Party Brasil, que foi realizada desde segunda-feira, no Parque Anhembi em São Paulo. Se, no ano passado, os "campuseiros" - como são chamados os participantes que acampam no evento - protestaram contra a queda de energia e de internet, este ano as manifestações ocorreram por causa falta de segurança, furto de equipamentos e roubo nas barracas.
No balanço final, no entanto, a edição fechou com saldo positivo. "Aprendemos muito vindo para o Anhembi e conseguimos contornar bem os problemas", disse Mario Teza, diretor geral do evento. Ontem, o grande nome do dia foi Michio Kaku, um dos grandes nomes da física teórica, professor da Universidade de Nova York, autor de nove livros e um dos autores da Teoria do Campo das Cordas. Chamado de "o físico do impossível", foi considerado pela New York Magazine uma das cem pessoas mais inteligentes de Nova York.
Em seu último livro, Physics of the Future, lançado ano passado, Kaku faz previsões de como a ciência mudará o cotidiano das pessoas e o curso da humanidade em 100 anos. Na Campus Party, se restringiu a fazer projeções para os próximos 30 anos.
Foram muitas previsões. Algumas com cara de ficção científica, como lentes de contato que projetam informações online no mundo offline e uma loja de órgão humanos. Outras, mais possíveis de serem vislumbradas: robôs enfermeiros, computadores descartáveis, vasos sanitários inteligentes, chips que guardam a sequência de DNA de uma pessoa e sem câncer.
Nos próximos 30 anos, segundo Michio Kaku, uma nova onda do capitalismo irá surgir e ela será baseada em biotecnologia, nanotecnologia e telecomunicações. E essas áreas determinarão mudanças profundas na economia mundial, na saúde dos seres humanos, no consumo, no mercado de trabalho e, principalmente, na interação entre pessoas, máquinas e internet.
Ondas. Se no início do século XIX os cientistas criaram a máquina a vapor e as locomotivas - e essas invenções levaram à Revolução Industrial na Inglaterra e a uma época de muita riqueza e prosperidade, explica Kaku - em 1850, a economia mundial colapsou e o mundo entrou em uma época de depressão. Essa, diz ele, foi a primeira onda do capitalismo.
A segunda foi marcada pela eletricidade e os automóveis e culminou na Quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. A terceira atingiu seu ponto mais baixo em 2008 e foi marcada pela alta tecnologia - computadores, internet, inteligência artificial, geolocalização.
O físico então, se propôs a prever o que será a quarta onda do capitalismo. Para ele, em 2020, o computador como o conhecemos hoje terá sumido. "Estarão em todos os lugares e em lugar nenhum, como a eletricidade".
Tanto computadores como internet estarão mesclados em todos os tipos de aparelhos, como óculos ou lentes de contatos que identificam pessoas com quem o usuário conversa e mostram informações biográficas sobre ela ou ainda traduzem o que estão dizendo. Informações online serão projetadas no mundo offline, mudando a forma do homem interagir com seu meio.
A casa do futuro, segundo Kaku, terá papel de parede inteligente que será como uma tela de 360º, onde é possível acessar todos os tipos de informação sem a necessidade de controles específicos, usando apenas movimentos, a fala e o pensamento.
O computador chegará até ao banheiro, com vasos sanitários equipados com chips que analisam proteínas da urina e alertam caso algo esteja errado, sendo possível inclusive diagnosticar câncer por esse método. "A palavra tumor não existirá mais no nosso vocabulário", diz Kaku.
Ressonância de bolso. E parece mesmo ser na área da saúde onde a maior revolução se dará: os chips ficarão cada vez menores, pequenos o suficiente para conter uma câmera e um localizador e caberão em uma pílula e para criar aparelhos de ressonância magnética do tamanho de um maço de cigarro, para ajudar no diagnóstico de doenças.
Entre as pesquisas atualmente em curso no campo da medicina que serão comuns nas próximas décadas, Kaku cita nanopartículas capazes de destruir s células cancerígenas uma a uma, CDs que carregam o código de DNA de uma pessoa e que servirão como um manual de instruções de cada corpo, e chips implantados diretamente no cérebro permitirão que deficientes recuperem capacidades comunicacionais e motoras.
Kaku também diz que a "loja de órgão humanos" não é uma realidade distante. Se hoje já é possível criar pele, bexiga, ossos e células sanguíneas em laboratório, no futuro, criaremos qualquer tipo de tecido a partir das células do próprio paciente.
Melhorias na saúde causarão um movimento já observado muito claramente no Japão: o envelhecimento da população e a necessidade do desenvolvimento da robótica para lidar com novas necessidades demandadas pelos idosos.
QI de barata. Se, de acordo com Kaku, a robótica ainda produz apenas robôs com o intelecto semelhante ao de uma barata, em 30 anos, teremos modelos com a inteligência equivalente a de mamíferos e capazes de ajudar a cuidar de idosos.
Com robôs cada vez mais inteligentes, muda também o papel do ser humano na cadeia produtiva. Somem os trabalhos repetitivos e de mediação (atendentes, por exemplo) e criam-se tarefas que exigem criatividade, imaginação, liderança e sensibilidade.
Começa assim uma nova fase do capitalismo, o chamado capitalismo intelectual, quando, segundo Kaku, as economias mundiais serão pautadas pelo índice de desenvolvimento intelectual que a população de cada nação tem a oferecer para o desenvolvimento tecnológico.
Kaku acredita que veremos o surgimento do que ele chama de "capitalismo perfeito", a conjunção sem falhas entre consumo e informação - quando todo o consumidor saberá quanto custa, como foi produzido e como está sendo taxado o item que decidiu levar para casa.
Se isso parece uma realidade muito distante? Não para Kaku. "As nações sempre tentarão controlar as informações, mas elas estão enfraquecendo ano após ano. Não há mais jeito de controlar a internet e a livre troca de informações", afirma.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Ipea: brasileiro vive apenas com o que ganha


LUCIANA COBUCCI
Direto de Brasília
Uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a maioria das famílias brasileiras afirma não ter dívidas. Segundo levantamento, feito em 3,8 mil casas em 214 municípios, 57,1% dos lares declararam não estar endividados. Por outro lado, 7,6% dos entrevistados disseram estar "muito endividados", 17% afirmaram estar "mais ou menos" endividados e 18,3% declararam ter poucas dívidas. Para um dos responsáveis pelo estudo, o analista André Calixtre, isso acontece porque apesar do aumento do acesso ao crédito pelas camadas mais pobres nos últimos anos, as modalidades de empréstimo ainda são caras.
"O acesso ao crédito é caro e há um canal de expansão possível do crédito, não só para o investimento, mas especialmente do crédito ao consumo. A verdade é que não temos ainda uma sociedade estruturada no crédito como é a europeia, a americana. As famílias brasileiras ainda vivem com o que ganham", disse.
Os números corroboram a tese de Calixto. A pesquisa mostra que a maior parte dos brasileiros - 92% - não pretende contrair empréstimos para adquirir bens ou financiar as dívidas nos próximos três meses.
Segundo o Ipea, somente 17% das famílias pesquisadas disseram ser capazes de quitar totalmente as dívidas em janeiro (quando foi feito o levantamento). Já 35% admitiram não poder pagar as contas atrasadas no mês passado. A dívida média do brasileiro atingiu R$ 4,4 mil em janeiro, o quinto menor valor da série histórica da pesquisa (que começa em agosto de 2010).
O Norte do País é a região que mais concentra endividados sem condições de honrar seus compromissos: 55% das famílias disseram não ter condições de pagar as contas atrasadas em janeiro. No Centro-Oeste e Sul do País, a situação é diferente: nenhum dos lares pesquisados admitiu impossibilidade de quitar os débitos em janeiro. A maioria afirmar ter capacidade, pelo menos em parte, de pagar as contas atrasadas.