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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Repercussão da matéria sobre de cobrança de honorários pelo programa da Glogo: Fantástico

São tantos os problemas e dramas envolvendo o tema abaixo, que seria necessário um tratado teórico-histórico para compreendermos como tais assuntos se revelam em nossa conjuntura social.
O primeiro passo seria compreender o alcance da obra de Gilberto Freire quanto a realidade social brasileira.

Sem apaniguar ninguém.

1 - Não há cultura de empreendedorismo no Brasil, que se desloca para a falta de reconhecimento no seio social quanto aos profissionais liberais de todas as categorias, que não são valorizados e muitas vezes desrespeitados, seja no exercício da profissão ou em sua dignidade como pessoa.
2 - Não há cultura no meio social que os profissionais liberais, de todas as categorias, precisam e devem ser remunerados. De algum modo o brasileiro, ou não gosta mesmo de pagar pelo trabalho alheio, ou crê que o profissional é remunerado de algum modo pelo Governo.
3 - Diante do quadro instalado, ou o atendimento é feito de elite para elite, i.e., de quem tem patrimônio, e precisa de serviços, para quem atua nas diversas áreas liberais, e que também possui patrimônio, e, assim, não se sujeita a trabalhar sem honorários prévios e contratados. (Continuam amigos, tomam café, mas não precisa se submeter a trabalho aviltante, motivado pela necessidade e pela possibilidade/fantasia de premiação no êxito).
4 - Ou, a relação se dá pela necessidade, entre o paciente/cliente e o profissional, ambos carecendo de dinheiro para sobrevivência.
5 - A grande maioria dos profissionais liberais neste país, incluído os advogados, trabalham para sustento da vida comum e rotineira, que podemos resumir em "fazer a feira e sustentar a casa", i.e., pagar as contas. Uma melhora ali e outra acolá, mas nada além de contas.
5.1 - Não são todos os profissionais que possuem uma vida de vitórias, sucesso e felicidade como as que são mostradas em filmes e novelas.
6 - Tais profissionais, diante da dificuldade acerca da falta de compreensão de que seu trabalho deve ser remunerado com antecedência ou no curso do trabalho, i.e., por exercitar o labor profissional em prol do cliente/paciente, atuam na expectativa do êxito, e acabam por financiar a causa e o atendimento profissional ao cliente, quando não é o caso de financiar a própria sobrevivência do cliente, emprestando dinheiro, etc.
7 - Esse tipo de atuação profissional é bem peculiar no interior e rincões do Brasil.
8 - Esta forma de atuação profissional, submetido apenas à deriva da sorte, e na maioria das vezes sem a devida assistência dos órgãos que fiscalizam as categorias profissionais, abre avenidas para a má atuação profissional, ao patrocínio ou atendimento infiel, ao descaso e visão distorcida e gananciosa das possibilidades de ganho.
9 - Se a reportagem fizer um pente-fino na maioria das profissões ditas liberais, encontrará, provavelmente, as mesmas formas de atuação, e de sobrevivência, de relação e de ganho dos valores.
10 - Quantos profissionais sequer são remunerados, e quantos recebem víveres e demais itens in natura (aves, animais, objetos) como forma de remuneração?
11 - Tudo isso apenas comprova, a cada dia, que ser pobre num país tão rico, com profissão ou não, é padecer no "paraíso" e se ressentir que o trabalho não vale a pena. A não ser que a cultura e valores brasileiros um dia se mude.

Shalom, João.

Dano coletivo à advocacia
Há três semanas, reportagem do Fantástico narrava cobrança de honorários advocatícios excessiva em causas previdenciárias (clique aqui). No entanto, este nosso rotativo foi conferir alguns dados e constatou que a realidade era diferente daquela apresentada (clique aqui). Agora, a OAB/BA pediu providências ao Conselho Federal da Ordem no sentido de ajuizar ação de indenização por dano moral coletivo contra a Globo. (Clique aqui