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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Educação

"Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância."
Dorek Bok

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

VOTOS NULOS: MUNICÍPIO REPROVA CANDIDATOS

LIÇÃO DE CIDADANIA
Esse é o exemplo que deve ser seguido...
Tomara que essa moda pegue...
Mas prá isso necessita ser divulgada...
Vejam o município Bom Jesus do Itabapoana .
Devido ao baixo nível do candidato, de um total de 26.863 eleitores que compareceram às urnas, 20.821 eleitores conscientes decidiram anular o seu voto .
Um exemplo para o  mundo...

É algo difícil de acontecer, mas aconteceu!
Os votos nulos somaram 20821 ( 89,23%). Vejam a coragem e esclarecimento dessa população.
O candidato a prefeito não servia e a população cuidou de eliminá-lo no voto.
O TRE terá que fazer nova eleição e o candidato reprovado não poderá se candidatar novamente. O interessante é que esse fato não foi divulgado em nenhuma mídia.
Até a Globo se calou. Se a moda pega, quem sabe não poderíamos depurar essa gente que vive enganando a todos?
Quem sabe a solução que tanto almejamos não passa por aí?


UM DIA FOMOS INOCENTES

GAZETA MERCANTIL – Análises e Perspectivas, p. A-3, 13.02.01

Os culpados são os outros, como definiu muito bem o existencialismo”

Cláudio Lachini – colunista

Todos sabem, juristas ou não, que nos Estados Unidos da América as pessoas são inocentes até prova em contrário. Nos países latinos, o Brasil em primeiro lugar por ser o maior, parece que somos todos culpados, até que provemos nossa inocência. É nossa sentença de origem divina, segundo a qual perdemos o direito ao ‘paraíso terrestre, embora a igreja de Roma, que isso propagou, tenha praticado crimes por mais de mil anos, desde as ordens militares da Idade Média até fogueiras ensandecidas, nas quais crepitaram sábios, santos, hereges, e pagãos. Talvez venha daí essa herança cultural de atribuir a outrem o que é de nossa freguesia, vício de caráter que os existencialistas definiram muito bem: os culpados são os outros. O anátema que a Europa, da qual descendemos culturalmente, lançava sobre os sarracenos incorporou-se à colônia e se espalhou ao inconsciente coletivo.

Mesmo quando o sujeito é pego com a mão na massa, e se encapuza com a própria camisa, se diz inocente. Culpado é o comparsa ou a sociedade. O direito diferencia culpa de dolo e, as vezes, o leigo confunde um e outro crime. O dolo tem ânimo de prejudicar, a culpa se tem por negligência ou falta de cuidado. ‘Não se pode imputar culpa a quem não fez o que não era de sua obrigação’, ensina o Direito Romano. O cronista não é jurista, nem juiz; portanto, não julgará, embora possa ser criticado. A verdade é que vivemos uma época atroz – às vezes, a vítima é parte do espetáculo que ‘a máquina de fazer doido’, isto é, a televisão, como dizia Stanislaw Ponte Preta, exibe ao vivo como se morto fora.

Outro dia, apareceu o caso de um cidadão dado por falecido em acidente, atestado de óbito passado, que acusava a irmã de ter urdido a tragédia de seu atropelamento para receber um seguro de R$ 25 mil. Era ficção que se confundia com a realidade, porque ambos estavam muito vivos. O morto, contristado, jurava inocência; a viva, Deus sabe em que estranho mundo se metera! A vida é uma ficção de si mesma, embora a dor, física ou moral, seja verdadeira, dor de tratar em estabelecimento apropriado, onde os doentes começam pelo último andar e terminam no primeiro, como em uma história de Dino Buzzati. Quem encontra guarida, tem o céu. A quem o mal se lhe agrava, desce um andar por vez, até perder a ‘vista para o mar’ e facilitar o esforço de lhe carregar o corpo.

Inocente quer dizer inofensivo como uma criança, que não faz nem produz maldade; é pura até que a sociedade venha a corrompê-lo. No Brasil, existe um estatuto da criança que, volta e meia, é invocado para deixar livre ou corromper o adolescente que sabe mais do que o dono de um bordel. Muitos são condenados pelo sistema cujas leis foram feitas a pretexto de os defender. Proíbem-lhe o trabalho que é confundido com a escravidão. O legislador cochilou ou se deixou influenciar pela riqueza, estado onde é correto brincar e estudar, onde um educador aplica o conhecimento para forjar o futuro. Onde estão nossos sábios de lapela, crachá de autoridade? Proibir o trabalho digno, apropriado e fiscalizado, é condenar o adolescente à marginalidade, se nem o Estado nem as instituições estão preparadas para os atender em suas necessidades elementares.

 Em 1951, meus primos Lourival e Nildo Fiorot e eu tomamos a empreitada de capinar e arruar um alqueire de cafezal. Tínhamos 11, 18 e 10 anos de idade, respectivamente. Íamos à escola todas as manhãs, uma caminhada de 6 quilômetros. Depois do almoço, pegávamos nossas enxadas, rastelos para puxar o mato e amontoá-lo onde havia perigo de erosão, e amalgamamos uma amizade que persiste, depois de 50 anos de separação. E, no entanto, estamos vivos. Tão saudáveis quanto permite a caminhada da injustiça humana. Ganhamos um dinheirão, talvez 300 cruzeiros. Era um extra, já que tínhamos tarefas rotineiras, como prender bezerros, alimentar o moinho de milho, torrar e moer café.

De qualquer modo, não nos demos ao ócio, pernicioso tanto na vida militar quanto na vida civil, segundo o conceito de Maquiavel. Os primeiros, quando não se dedicam a suas artes, conspiram; os segundos dedicam-se à desordem e à corrupção. Ou, se punidos por crimes dolosos, aplicam-se a cavar túneis sofisticados, iluminados, drenados. São especializados e suas penas poderiam se abrandadas se cavassem túneis para ampliar o metrô. De colher, não com máquinas ou pás.

Maquiavel não louva o trabalho, mas também não o considera ‘como a maldição do Gênesis sobre os homens’. Seu objetivo é o bem comum. O pai da ciência política atribui o sucesso das grandes civilizações do passado ao gênio de seus legisladores, acima de seus guerreiros. Estes, em nosso belo país, consideraram-nos culpados. Esperamos que os legisladores nos considerem como somos: inocentes, pobres diabos, grãos de areia na Terra, partículas de um átomo no Universo, até prova em contrário. E humanos.

O QUE VEM POR AÍ (BRAVO MUNDO NOVO II)

GAZETA MERCANTIL - Seção Bahia, 27.07.00

Mais um desafio para o novo milênio 

“A profundidade das transformações que se processam nas últimas décadas nas ciências em geral, filosofia, arte, religião, valores éticos, sexualidade e os diversos aspectos da vida cotidiana de cada ser humano, faz com que nós, profissionais de RH, ou qualquer outro que tem algum compromisso e sente alguma parcela de responsabilidade com o bem-estar comum, reflitamos quanto ao desafio que o novo milênio representa para o homem, quanto a viver com dignas condições físicas, mentais e sociais.

A família nuclear passa por transformações radicais. Cresce o número de descasamentos e recasamentos com uma nova composição familiar, pois os filhos de cada cônjuge passam a compor o novo lar. Aumenta a produção independente de filhos, que não é mais privilégio das ‘mães solteiras’. Agora podemos notar o surgimento de um novo personagem, o pãe (pai que acumula funções de mãe). Passa a ser possível a adoção de crianças por casais homossexuais(?!?).

Existe uma mudança nos papéis que tradicionalmente eram conferidos aos pais, mães, avós, etc. Tudo isso pode e deve ser encarado com naturalidade, mas também gera confusão, principalmente para os filhos que, cada vez mais cedo, estão se emancipando da família nuclear. A clássica função de continente que a família exerce para os bebês e filhos menores tende a enfraquecer com os traumas precoces. Estes fatores têm contribuído para uma generalizada crise de identidade.

Temos assistido as mudanças dos valores éticos, morais e ideológicos que regem o modo de viver, que somadas à cobrança de uma velocidade para adaptação aos padrões vigentes, tornam os indivíduos ansiosos e confusos. Um dos fatores propulsores dessa angústia é o EXITISMO, ou seja, desde criança o indivíduo é programado pela família e pela sociedade a ser bem sucedido, o que o lança numa infindável busca por êxitos, deixando-o em constante sobressalto de vir satisfazer às expectativas que nele são depositadas, tornando-se muitas vezes um pesado fardo.

Os incríveis avanços tecnológicos, o projeto Genoma Humano, os experimentos acerca da reprodução de clones, a crescente legalização da prática do aborto, que faz com que muitos estudiosos da ética questionem: que tipo de ser é o embrião? Todos esses fatores estão forçando a humanidade a revisar as noções de moral e de ética que estão inseridas na cultura pós moderna.

O pós modernismo consiste em introduzir imagem no lugar de pensamento e palavra. Processa-se pelos meios de comunicação, principalmente pelos avançados recursos da informática, com a criação de imagens virtuais, gerando uma certa confusão entre o real e o imaginário. Isso representa um estímulo à busca de ilusões, simulacros e fetiches.

Na maneira pós moderna de ver o mundo predomina a inexistência de causa e efeito, logo ninguém é responsável por nada, pois responsabilidade pressupõe causa e efeito, e isso não é mais possível na nova cultura. Tudo é relativo. Passivamente, as pessoas tendem a substituir a articulação de sentidos por uma forma de pensar em vídeo-clips.

Bestialógico, mascara-se de respeitabilidade. Políticos conseguem êxito eleitoral com um discurso raso, sem conteúdo. São mais apresentadores de TV do que líderes que representem idéias.

Existe ainda a cultura do narcisismo na acirrada competição por ’um lugar ao sol’. Aquele que aparenta ser bem sucedido, para assim aplacar a necessidade de atingir as metas idealizadas pela família, sociedade e por ele mesmo, as quais podem ultrapassar suas inevitáveis limitações. A presença excessiva do narcisismo representa um alto custo para o indivíduo e para os que com ele convivem, pois passa a ter dificuldades em admitir limites, trocando o pensar, aprender, ter tolerância e amor pelas verdades pela onipotência, onisciência, prepotência. Com isso, tem aumentado o número de pessoas com carências emocionais, faltas, buracos negros internos geradores de uma busca desesperada por reconhecimento.

A tensão é clara. Há um conflito entre o sistema motivacional (o desejado individualmente pela maioria) e o sistema valorativo (o que seria desejável coletivamente). O sonho de uma vida com maior estabilidade social, mental e intelectual se choca com a realidade da força das mudanças sociais.

O desafio é encontrar valores e formas de vida que possam neutralizar e superar, em ambiente de liberdade, a ascendência do avanço tecnológico e seus efeitos colaterais sobre a psicologia humana.

O descontentamento é motor da mudança. O conflito entre valores sonhados e vividos é sintoma de ambivalência e alienação. Há uma guerra no peito de cada um. A pergunta que fica é a formulada por Keynes: ‘Por que não deveríamos começar a colher os frutos espirituais de nossas conquistas materiais?’”.

Ricardo Knychala Segger, Gerente de RH.

DEPRESSÃO MASCULINA

Sintomas de depressão nos homens
Existe uma contradição nos dados sobre a depressão: ela é dada como muito mais comum nas mulheres; no entanto, os homens são quatro vezes mais vítimas de suicídio. Não parece existir uma falha qualquer nesses dados?
É muito provável que os números sejam reflexos do fato de que a sintomatologia da depressão se expressa de modo bem diferente nos homens: sem pedido de ajuda, sem lágrimas, sem demonstração de tristeza.
Em vez de chorar e se prostrar, eles correm demais com o carro, e se metem em muito mais acidentes do que a contraparte feminina da população; podem beber demais nas happy hours, nos fins de semana, ou mesmo diariamente, em casa; que será que expressam com sua truculência, que tantas vezes os metem em situações de risco, ou os isolam socialmente? Não seriam esses os seus sintomas de depressão?
Uma coisa é certa: no homem, a depressão não se apresenta necessariamente como a mistura de tristeza, culpa e isolamento, que dominam os critérios diagnósticos - e a percepção geral - do transtorno. A conseqüência pode ser trágica: a depressão, nos homens, pode passar despercebida até para os profissionais especializados.
A depressão, sabemos todos, envolve altos riscos: são vidas e mais vidas literalmente destruídas, empregos perdidos, relacionamentos arruinados. Alguns especialistas chegam a ver o espectro da depressão como causa primária de crimes, drogas e conduta anti-social.
Diante das evidentes contradições, o diagnóstico da depressão está sob revisão: os profissionais da saúde mental estão reconhecendo que pelo menos metade dos homens deprimidos fica sem o diagnóstico apropriado, porque a sintomatologia da depressão, neles, não se enquadra nos padrões conhecidos.
Alguns homens deprimidos podem ter como sintoma, a impotência sexual, a perda de interesse no sexo, anedonia (sexual).  Psiquiatricamente, a depressão emocional, através de seu sintoma básico e universal que é a perda da capacidade de sentir prazer (anedonia), tem sido a maior responsável pelas queixas de impotência por disfunção erétil ou mesmo por ejaculação precoce.
Outros se tornam promíscuos, fazendo do prazer sexual sua válvula de escape - talvez numa tentativa desesperada de resgatar a alegria de viver.
Muitos homens reclamam de sintomas físicos, bastante comuns nos quadros depressivos: insônia, fadiga, dores de cabeça, problemas estomacais. E nunca chegam a aventar a hipótese de que sejam provocados por problemas psicológicos (Claro! Isso não é coisa de homem...).
Comparados às mulheres deprimidas, os homens deprimidos têm muito maior probabilidade de se comportar irresponsavelmente, beber pesado, ou fazer uso de outras drogas, abusarem da velocidade no trânsito, ou se meter em brigas. Para eles, em vez de se sentir inseguros, é mais fácil queixar-se, brigar e xingar quem está por perto, acusando-os de os tratarem mal, ou de fazerem tudo errado.
A raiva, que a maioria dos homens aprende a gerenciar, torna-se a máscara das mais profundas angústias que os assolam. Em vez de chorar, eles brigam, xingam, esbravejam. Reclamam da mulher, dos filhos, do trabalho, dos amigos, do chefe, do tempo, da política. Tudo está errado - contanto que não haja nada errado com eles próprios.
A mudança nos critérios de diagnóstico não atinge somente psicólogos e psiquiatras: coincide com a revisão de critérios diagnósticos em outras áreas da medicina. Os clínicos, hoje, reconhecem que homens e mulheres podem apresentar sintomas diferentes para a mesma doença.
No caso da depressão, a diferença na sintomatologia se deve, muito provavelmente, a conceitos profundamente arraigados na alma masculina: tristeza é fraqueza. Falta de vitalidade? É preguiça. Preocupação? É responsabilidade. Para os homens, é embaraçoso admitir tristeza - e a diferença entre ser triste e ser preguiçoso é muito sutil, ameaçando sua auto-estima e auto-avaliação. Então, eles não podem admitir os sintomas, nem para eles mesmos.
Sem tratamento, a depressão é perigosa. O quadro pode agravar-se, e a conseqüência pode ser funesta: o suicídio é o maior risco nas depressões graves. O tratamento envolve psicoterapia e medicação. Afinal, é a combinação de ambas que se mostra mais eficiente no tratamento da depressão.
Cibele Ruas é psicóloga clínica

Depressão Masculina
Onete Ramos Santiago - Psicóloga
A depressão masculina é um tema menos falado do que a feminina porque os homens são resistentes em tocar nos seus problemas e tendem a mascarar a depressão por uma série de caminhos. Por exemplo, um homem deprimido diz que está com déficit de memória. Outro diz que está com insônia. Sabe-se que déficit de memória, raciocínio lento, insônia, etc., são sintomas de depressão. O preconceito masculino ou o desconhecimento e falta de contato com seu self fazem com que o homem defina o sentimento dessa forma.
Mas, o mascaramento forma um índice alto e é preciso que os homens tomem contato com isso. Outros sintomas da depressão, tanto masculina quanto feminina, ficam por conta de embotamento emocional, falta de interesse por afetos (filhos, amigos, mulheres), a falta de interesse pelo trabalho, apatia geral, perda da libido, alterações do apetite (para mais ou para menos), sonolência excessiva, cansaço geral, etc.
A depressão tem, geralmente, e como primeiro sinalizador, uma tristeza infinda e até este sintoma os homens costumam mascarar (a tristeza é feminina no conceito masculino). Então, eles a transformam numa raiva e irritação crônicas que acabam confundindo os profissionais menos avisados.
As mulheres são mais afetivas e buscam se curar da tristeza procurando afetos substitutos - amigos, trabalhos assistenciais, trabalhos manuais - cestaria, tecelagem, pintura, etc.; já os homens se isolam de todos e tendem

a agir com agressividade.

E as causas da depressão? A depressão tem causas existenciais e funcionais. Dentre as funcionais, os neurotransmissores - serotonina, norepinefrina, dopamina e outros têm um bom peso. Neurotransmissores são substâncias que carregam os impulsos nervosos de um neurônio para outro, fazendo as conexões. Se, por alguma irregularidade, genética ou não, os neurotransmissores sofrem qualquer abalo pode aparecer à depressão ou outro problema psicológico.
Hoje, sabe-se que a queda de neurotransmissores no organismo pode ser provocada também por estados constantes e desfavoráveis de vida - desapoio, desconsiderações, desconfirmações assíduas e perenes - podem abalar profundamente nosso estado de alma. Então, a postura mais exata atual é afirmar que a psiqué influi em nosso corpo e nosso corpo influi em nossa psiqué.
Na depressão masculina, vê-se também um grande contingente de homens recorrendo ao álcool para camuflar a tristeza; só que seu uso constante só faz agravar os sintomas do mal. Outros recorrem ao fumo, às drogas, a noitadas fora de casa com amigos, ao sexo compulsivo.
A depressão, seja ela por qual motivo for, tem que ser tratada. Há um risco de 15% de suicídios nas depressões não tratadas (principalmente nos homens). Fora deste encaminhamento extremado, sabe-se também que a depressão masculina favorece mais do que o dobro de chances do homem desenvolver doenças cardíacas, câncer, diabetes e outras doenças, além de provocar um envelhecimento masculino mais acelerado e uma deficiência de testosterona.
Vale ressaltar, finalmente, para os homens que a depressão não é sinal de fraqueza (que em nossa cultura ainda é proibitiva aos homens), mas que sim, trata-se de um problema para o qual há tratamento e atendimento. 

Isolar-se é o pior.


Depressão: Amante causadora de muitas separações
Dr. Luís Carlos Calil
Depressão é uma doença muito comum em todas as sociedades. Tem aumentado sua freqüência em populações mais jovens. É a segunda causa de morte (por suicídio), superada apenas por acidentes entre os jovens americanos.
Ocorre em todas as idades, sua incidência atinge cerca de 6% da população, e cerca de 20% das pessoas irão apresentar ao menos um episódio depressivo ao longo da vida. Pode se apresentar de várias maneiras, aí é que começa a complicação.
A definição de depressão pela Organização Mundial de Saúde (OMS), através da Classificação Internacional de Doenças (CID - 10), implica que devam estar presentes em graus variados de intensidade, nos episódios típicos, humor deprimido, perda de interesse e prazer nas atividades, energia diminuída levando a uma fadiga aumentada e atividade diminuída.
Podem ocorrer idéias suicidas, e pessoas deprimidas suicidam trinta vezes mais que a população geral. Hoje se sabe que a depressão é acompanhada por alterações em substâncias no Sistema Nervoso Central, os neurotransmissores, principalmente a noradrenalina e a serotonina. É também vista como uma condição crônica em muitos casos necessitando tratamento prolongado.
Cerca de dois terços dos deprimidos não procuram ajuda médica, tentam se tratar com receitas caseiras, uso de vitaminas, busca religiosa e outros recursos.
Contudo a depressão não se limita a alterações neurobiológicas. É antes uma experiência de profunda dor, que mobiliza os sentimentos mais primitivos tanto no deprimido como nas pessoas com quem convive.
Ocorre que entre os deprimidos observam-se comportamentos que visam reduzir o mal estar, e alguns destes comportamentos é que definimos como "Amante" causadora de separações.
A pessoa deprimida está com os piores sentimentos em relação a si mesmos, com idéias de culpa, de inutilidade, redução da autoconfiança e auto-estima. É compreensível que alguém neste estado queira se livrar dele, da maneira que puder. Que sinta inveja de quem não está deprimido, e que fique mais amarga e hostil na convivência.
Muitas vezes o deprimido apresenta redução do desejo sexual, se o parceiro não compreende, pode acusar o outro de estar com amante. Outras vezes o deprimido pode ao contrário apresentar comportamento promíscuo, buscando relações sexuais descabidas na tentativa heróica de aliviar sua angústia. Pode fazer uso de bebidas alcoólicas e drogas com a mesma finalidade. O bem estar é passageiro, o sentimento de culpa e irritabilidades aumentam, o desempenho no trabalho fica mais comprometido. Se neste momento de intensa fragilidade houver perda de emprego, conflitos ou separações conjugais, o risco de suicídio se potencializa.
Não é hora de julgar comportamentos, é momento de compreensão - o deprimido está fazendo o que pode para sobreviver, não que seja o melhor, mas é o melhor que pode fazer.
Esta pessoa que já se sente só ficará realmente desamparada, e na companhia dos piores sentimentos que pode experimentar.
Quando duas pessoas se unem, fala-se em comunhão de bens; que estarão unidos na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Quanto à comunhão de bens e união na saúde e alegria, não há grandes problemas, contudo quando surgem os males, as doenças, as tristezas, o que era antes meu bem pra cá, meu bem pra lá, muitas vezes culmina em separação e acaba com meus bens pra cá, e seus bens pra lá - suas doenças e seus males também.
Ninguém diria a uma pessoa com a perna fraturada, para ela andar e fazer passeios para a perna melhorar. É comum, familiares, amigos e às vezes médicos tentarem ajudar como podem. Dizem a pessoas deprimidas para esquecer os problemas, ou que não tem problemas para se deprimir, que existem pessoas em pior situação e não se entregam, ou sugerem férias e passeios. A tolice é tão grande como quando o deprimido usa drogas ou sexo para melhorar seu mal.
Partilhar e entender esta experiência de dor não é tarefa fácil e não depende só de boa vontade. Depende de condição interna para acolher até onde possível essa angústia, e encaminhar o companheiro que padece desse mal a quem de competência para tratamento adequado.
A metade dos deprimidos que procuram ajuda médica, procuram clínicos, em função de seu mal estar físico e certo preconceito quanto a procurar psiquiatras. Após vários exames clínicos normais, e infelizmente algumas prescrições de "calmantes", que mais agravam a depressão, cerca de 5 % dos deprimidos chegam ao psiquiatra. Se o tratamento for bem conduzido com uso de medicamentos, e algumas vezes auxílio de psicoterapia, 80% dos casos respondem ao tratamento. Ainda existem casos refratários a todos os tratamentos existentes. 
Dedico este texto a todas as pessoas que experimentam ou experimentaram a dor da depressão, tão difícil de ser expressa. Dedico também a seus familiares e companheiros, na esperança de que possam compreender melhor e respeitar essa dor, talvez a mais humana das dores.
Dr. Luís Carlos Calil
Professor da Disciplina de Psiquiatria Clínica da FMTM - Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria

Governos

“Só conheço duas espécies de governos: os bons e os maus. Os bons que estão ainda por fazer; os maus, em que toda a arte consiste, por diferentes meios, em passar o dinheiro da parte governada à bolsa da parte governante. Aquilo que os governos antigos arrebatavam pela guerra, nossos modernos obtêm com mais segurança pelo fiscalismo. É apenas a diferença desses meios que constitui sua variedade. Creio, no entanto, na possibilidade de um bom governo em que, respeitadas a liberdade e a propriedade do povo, ver-se-ia resultar o interesse geral, em contraposição ao interesse particular” – Claude-Adrien Helvétius, carta a Montesquieu (1748)

Extrema corrupção

GAZETA MERCANTIL – Seção Bahia, 18.07.00

Extrema corrupção

The day after, Apocalipse now e Water world, exemplos de mega produções – campeões de bilheteria, nos quais Hollywood experimenta e simula a fórmula de tentar decifrar enigmas e mistérios cabalísticos após a total destruição terrena, é um tema que interessa a todos. Surpreendentemente, o homem teme, desconhece e envergonha-se do mais antigo, atual e verdadeiro vernáculo conhecido desde os primórdios até então – a Bíblia sagrada. Ela traça do Gênesis ao Apocalipse a trajetória da criação à consumação, narrada através de iluminados profetas e discípulos que encerraram dois mananciais de sabedoria, conhecidos como velho e novo testamentos.

A Palavra de Deus assusta quando anti-cristos apontam ‘Ei-lo ali’ ou indicam data e hora para o final dos tempos, ou, ainda, quando surpreendidos pelo perigo e sofrimento terminal, clamam pelo seu nome.

‘Impérios’ são construídos por homens – empresários e políticos, mas esses não são alvo da curiosidade e crítica tanto quanto o Império Espiritual, que opera maravilhas e transformações nos corações e mentes humanas. Este sim, incomoda a todos que ignoram a palavra de Deus.

Durante todos os dias, potencialmente, temos respostas para todas as incertezas, angústias e provações que passamos, mas tememos que Ele não conduza os nossos passos como gostaríamos e então perdemos a oportunidade de encontrar o rumo para as nossas vidas. O cantor Renato Russo, em ‘Monte Castelo’, música de sua autoria, afirmou que ‘só o amor é que conhece o que é verdade’ e que ‘agora vemos em parte, mas depois veremos face a face’. Ele utilizou a primeira carta de apóstolo Paulo aos Coríntios, capítulo 13, mais conhecida como I Coríntios 13, como fonte inspiradora da sua magnífica canção. Ele provavelmente procurou e teve sede da verdade e a encontrou nesse trecho bíblico.

No berço da civilização acadêmica – os EUA alavancaram, com amostra significativa na cidade de Boston, cerca de 170 universidades, um verdadeiro arsenal cultural bibliográfico estruturado, e, nesse mesmo país, potência mundial, o evangelho foi historicamente semeado pelo líder Martin Luther King, através do marco bibliográfico imortal – a Bíblia, que, apesar de aparentemente obsoleta e destituída de neologismos, contempla nas suas linhas e entrelinhas todas as etapas vivenciadas pela humanidade até então, livro que apaga todas as letras dos mais respeitáveis e reverenciados mestres mortais de todos os tempos.

É veemente a necessidade de diagnosticar a extrema crise dita político-econômica que desconstrói horizontes e mentes em busca da razão e solução. Portanto, numa jornada estressante e aleatória, ‘prospera’ a prática da iniqüidade, das paixões e da insensatez, presente na prepotente certeza dos que plantam e colhem o fruto semeado, não sob o deturpado rótulo de castigo, mas de retorno de suas próprias ações conscientes. ‘Pois quem conhece o bem e não o faz, este comete o pecado’ (Tiago 4:17).

Mais do que nunca, a Bíblia torna-se o best seller do milênio, vale conferir suas parábolas, capítulos e versículos, quando de modo tão claro e simples nos conduz a uma cadeia concatenada de verdades absolutas, quando menciona que ‘o homem natural não compreende as coisas do Espírito, pois lhe parecem loucura e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente’(I Coríntios 2:14) e ‘por se multiplicar a iniqüidade o amor de muitos esfriará’(Mateus 24:12), e ao tentar encontrar a paz espiritual depara-se com o ocultismo, na medida em que ‘surgirão falsos profetas e enganarão a muitos’(Mateus 24:11), portanto ‘tende cuidado para que ninguém vos faça sua presa, por meio de filosofias e vãs sutilezas segundo a tradição dos homens, senão segundo Cristo, porque n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da divindade’(Colossenses 2:8).

Então nos perguntamos: ‘de que adianta o homem ganhar o mundo e perder a sua alma?’ (Marcos 8:36). Mas o inimigo não dá vez a quem no pecado persiste, e por essa razão prolifera a ‘extrema corrupção nos últimos tempos’, título situado em II Timóteo 3:1 a 9, quando alerta que ‘nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes se si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos e profanos’.

‘Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. Tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Destes afasta-te. Que aprendem e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade, sendo corruptos de entendimento e não irão avante, porque a todos será manifesto o seu desvario’.

Portanto, transcrever estas palavras, não é mais do que contemplar a nossa realidade e compreender que a extrema corrupção aqui detalhada, configura a pior e mais irreversível das crises que assola a civilização – a crise espiritual dos homens.

Maria de Fátima Ferraz Silva, Administradora pública e de empresas, pós-graduada em relações Públicas e auditora fiscal.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

LEI DA TERCEIRIZAÇÃO

FINALMENTE O CONGRESSO DISCUTIRÁ A NECESSIDADE DE SE REGULAMENTAR O CAOS QUE É TERCEIRIZAÇÃO NESTE PAÍS. PANACÉIA PARA QUALQUER NECESSIDADE E IRRESPONSABILIDADES.
O MAIS IMPORTANTE, ALÉM DE DEFINIR QUAIS ATIVIDADES PODEM SER TERCEIRIZADAS, É DEFINIR A RESPONSABILIZAÇÃO, POIS ATUALMENTE A LEI QUE REGE A RESPONSABILIDADE É A INCONSTITUCIONAL SÚMULA N. 331 DO C. TST.


Câmara analisará projeto que muda regras da terceirização.

O governo prepara um projeto de lei para regulamentar os contratos de prestação de serviços terceirizados. O texto, cuja minuta foi entregue nesta semana à Câmara pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é resultado de uma discussão que envolve as centrais sindicais e representantes patronais. Entre os pontos que devem ser incluídos, está a exigência de que a empresa terceirizada seja especializada no serviço para o qual foi contratada.

O tema já vem sendo discutido há mais de uma década na Câmara. Entre os projetos em debate estão um do Poder Executivo, de 1994, e outro do deputado Sandro Mabel (PR-GO), o PL 4330/04. Entretanto, nenhum deles contempla os interesses do governo, dos trabalhadores e dos empresários.

Segurança - O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que participa das discussões sobre o novo texto no Ministério do Trabalho, adianta outros pontos, como a garantia de direitos para os trabalhadores e uma definição mais clara dos serviços que podem ser terceirizados. Alguns dos projetos já em tramitação, segundo ele, abrem a possibilidade de que "qualquer coisa" seja terceirizada. "A proposta do ministério é mais segura", avaliou.

Outro ponto relevante do novo projeto, segundo ele, é a previsão de "responsabilidade solidária": a contratante deverá assegurar que os funcionários da empresa contratada recebam todos os direitos trabalhistas, como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o décimo-terceiro salário e férias com adicional de 30%.

Estratégia - Já o deputado Sandro Mabel, que preside a subcomissão permanente da Comissão de Trabalho destinada a regulamentar a terceirização, afirma que o projeto do governo deve tratar apenas do setor privado: "As centrais sindicais não deixarão o projeto passar de jeito nenhum. Elas acham que o setor público tem que contratar por concurso, sem fazer terceirização. Há 10 anos estamos discutindo essa matéria e ela não anda; só andou um pouco agora exatamente porque tiramos o setor público da conversa."

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, reconheceu nesta semana que há empresas de fachada, sem capital suficiente, criadas apenas para participar de licitações de órgãos públicos. Algumas delas apresentam preços baixos para vencer a concorrência, mas depois não pagam direitos trabalhistas e oferecem serviços precários. Lupi contou que isso aconteceu no próprio Ministério do Trabalho.

Por isso, ele defende uma regulamentação rápida e quer que o projeto chegue ao Congresso com pedido de urgência constitucional, para apressar sua tramitação.


Fonte: Agência Câmara, por 10.11.2008

TAC do MPT quanto a nova Lei de Estágio

Começa fiscalização da nova Lei do Estágio no país
Data: 12/11/2008
Veículo: VALOR ECONÔMICO -SP
Editoria: LEGISLAÇÃO 
Jornalista(s): Luiza de Carvalho
Assunto principal:ENSINO SUPERIOR 
OUTROS 
Luiza de Carvalho, de São Paulo

Em meio à incerteza das empresas e das instituições de ensino quanto a aplicação da nova Lei do Estágio - a Lei nº 11.788, de 2008 -, a fiscalização do cumprimento da norma já começou no país. O primeiro caso, único que se tem notícia até agora, ocorreu no município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que foi alvo de uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho visando a regularização do contrato de 600 estagiários de nível médio e superior da prefeitura. Embora o processo de fiscalização tenha começado em 2006, o acordo judicial firmado nesta semana se deu nos moldes da nova Lei de Estágio. Ele determina que a prefeitura pague uma indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 10 mil.

Ainda não se sabe se haverá uma onda de ações como essa - na semana passada, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) admitiu que ainda não foi definido como será a fiscalização da nova lei. No entanto, no acordo judicial firmado entre o município de Santa Maria e a Procuradoria do Trabalho da 4ª Região, ficou acertado que as adaptações nos contratos de estágio serão feitas conforme as exigências da nova legislação.

Dentre as exigências, estão a redução da jornada de trabalho para seis horas diárias e a concessão de benefícios como seguro de acidentes pessoais e auxílio-transporte. A prefeitura terá também que reduzir o número de estagiários ao percentual de 10% em relação ao total de servidores efetivos por estabelecimento que, ao todo, são cerca de três mil. A Lei de Estágio prevê o limite de 20% de estudantes de nível médio nas unidades concedentes. Segundo a procuradora do trabalho Thais Athayde, responsável pela ação, foi constatada a falta de correlação entre as atividades desenvolvidas pelos estudantes e o curso acadêmico. "Estágio sem a função pedagógica é mera precarização das relações do trabalho", diz Thais.

De acordo com Anny Desconzi, procuradora-geral do município de Santa Maria, até o dia 15 de abril todos os contratos estarão nos moldes da nova lei. "Desde a edição da nova lei nenhum contrato foi renovado, pois não havia previsão orçamentária para a concessão dos benefícios", diz. Outra alteração que já está sendo feita, segundo Anny, é a designação de um supervisor para cada grupo de dez estudantes, conforme previsto na norma.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Discurso sem verbo

AH O PORTUGÊS! QUE LÍNGUA EXTRAORDINÁRIA

POÉTICA!

ELA É COMPLEXA PORQUE É UMA LÍNGUA EVOLUÍDA

MERECE SER AMADA, CULTUADA, RESPEITADA, APRENDIDA, APREENDIDA, ENTENDIDA E BEM UTILIZADA

APRENDER O PORTUGUÊS E USÁ-LO CORRETAMENTE, AFASTANDO INCLUSIVE O EXCESSO DE ESTRANGERISMO (LEIA-SE INGLÊS) QUE HOJE AVASSALA A NOSSA LÍNGUA, É DEMONSTRAR AMOR À PÁTRIA. É MANTER VIVA NOSSA CULTURA.

UMA DAS BOAS HERANÇAS DOS PATRÍCIOS

EMBRIAGUEM-SE COM O TEXTO E AS REFERÊNCIAS HISTÓRICAS

P.S. O TEXTO TRAZ A VERDADEIRA GRAFIA DO NOME PRÓPRIO DE RUY BARBOSA, COM "Y" MESMO.

Será que alguém é capaz de fazer um discurso de 2.062 palavras sem usar um verbo sequer?

Em 1918, o Dr. Antônio Araújo Gomes de Sá, filólogo baiano, conseguiu a proeza.

Desculpem o tamanho do texto, mas eu considero essa peça uma obra prima, que não seja literária, mas pelo menos, gramaticalmente falando.

O texto, que há muito tempo guardo, vai como deve ser, na grafia da época.

"DISCURSO SEM VERBO

Orgulhosa de si mesma, rica em vocabulos, mais do que rica, poderosa, a lingua portugueza!

Porque?

Vasta, immensuravel, capaz de qualquer manejo; ora prompta à subtracção de uma letra principal, como o A, ora docil e obediente à falta de uma particula importante do estylo, como o Verbo.

Entretanto, sempre bella e sempre magestosa. Quer na prosa, como nos ensinamentos de Castilho e Herculano, quer no verso dôce ou candente de Guerra Junqueiro ou Castro Alves.

Que de mysterios na sua origem e que de belezas na sua formação!

Que de encantos na sua existencia e quanto de importante e transcendente nas suas ligações com as outras linguas do universo!

Que de carinho e doçura em muitas de suas expressões, e que de propriedade, de força, de symbolismo, em um numero sem conta de seus termos!

Dahi , a sua grandeza, a sua importancia, o seu valor, até mesmo no conhecimento parcial ou incompleto das suas profundezas, das suas fontes, dos seus segredos occultos quaes outras gemmas de subido valor ou inexhauriveis e inestimaveis filões de ouro de lei. Por isso, ao trabalhador paciente e infatigavel no descobrimento dos seus mysterios, a recompensa, a paga, o lucro certo em thesouros inexgotaveis.

E bem assim o prazer, a gloria do conhecimento e trato com esse idioma commum a dois povos, irmãos em raça, irmãos em origem, quer no passado repleto de veneras e honrarias, quer no presente todo cheio de esperanças em um futuro ainda melhor e mais explendoroso.

Para quem o convivio intimo e discerimonio com essa soberana tão altiva de sua linhagem mais que nobre, tão imponente nos seus foros de fidalga cortezã?

Para bem poucos, em relação ao numero extraordinário de seus vassallos.

A uns, como Camões, Frei Luis de Souza, João de Deus, Vieira, Latino Coelho, Filinto, Bernardes, Eça de Queiroz e tantos outros, por indole, inclinação, intuição, gosto, prazer, necessidade, a exploração minuciosa, methodica e circumstanciada da formosura de seus arcanos, do não apparente de seus opulentos escrinios. A outros, por desejo imitativo, tendencia ao estudo, ou como eu, por divertimento ou passatempo. Todos, porem, grandes e pequenos, philologos ou não, sob o poderio dessa magestade irradiante, util e proveitosa, immarcessivel e bemfazeja como a luz do sol.

Della mil proveitos, della mil ensinamentos. Sem ella, para nós, povos latinos, a ignorancia de deslumbrantes riquezas, no conchego, na intimidade dos grandes mestres, desde os seculos remotos até aos nossos dias. Ali, Luiz Camões, poeta, guerreiro e mendigo, eterno consultor das analyses, super constructor da phrase tersa, altiloquente cantor dos feitos gloriosos das gentes de Portugal, nos immortaes "Luziadas".

E, porque não Bocage, tão grande no seu estylo limpo e nitido, quão livre soberano, altivo e independente, verdadeiro e consiso na linguagem?

No manuseio dos seus livros, a verdade do seu quilate, a expressão sincera do estylista como classico, e do classico como escriptor.

Depois, Alexandre Herculano, nas fontes abundantes de suas lições na nossa lingua; já nas maximas philosophicas de um profundo ensino ao povo, já entre o mais, no transumpto fiel de uma paixão humana no peito de um sacerdote, fóra da vida real, mas, debaixo do grilhão dos olhos de Hermengarda, imagem do sacrifício do orgulho e preconceito de uma raça. Batalhador audaz e destemido, corajoso e invencivel, tanto de homem quanto da féra, em "Eurico" o amor inextinguivel, e neste livro, em lanço por lanço, o manancial infindavel de uma literatura sadia e confortavel, pura e bôa, agradável e escorreita.

E o grande Camillo Castello Branco? Em suas obras, o amor e as convenções sociaes sempre em lucta sem treguas e sem quartel. Em sua penna, o gladio vingador, a punição constante ao orgulho, sem visos de razão. Em seus assumptos, um grande bem às almas, um enorme prazer aos corações, uma nenia à paixão terrena e infeliz, uma benção, em summa, à pureza e à sublimidade dos mais serios e mais caros sentimentos affectivos.

Ao mesmo passo, o estudo profundo da nossa lingua, o ensino a todos nós, por meio das suas bellezas, o encantamento de um estylo todo delle, e, por isso mesmo, ao alcance de poucos e longe, da imitação de outrem.

Nos nossos dias, ainda lá no velho Portugal, "sob a nudez crua da verdade o manto diaphano da phantazia" de Eça de Queiroz. o imenso e incomparavel escriptor contemporaneo; commentador exacto dos usos e costumes da gente de sua terra, ao par de uma linguagem tão incisiva quão eloquente, tão mordaz quão penetrante, tão expressiva quão forte, e tão em harmonia com os sentimentos desses de lá e tambem de nós outros, seus irmãos por tantos laços. Nos seus livros, fieis espelhos do seu tempo, o caracter de um povo superior e o espirito brilhante de um literato immortal. Nas suas obras, a lição, a critica sensata e ferina, a postergação ao vício, o aniquilamento do futil, do hypocryta, na folhagem de falsa competencia ou na veste da honestidade bastarda, à luz diamantina do verdadeiro e impassivel julgamento dos homens, como elle, superiores no criterio e formidaveis na razão.

E, sobre todos, vivos ou mortos, poetas ou prosadores, de mim para commigo, Guerra Junqueiro, o rei da poesia, o sabio emfim, quer na doçura commovente dos versos de "Fiel", do causticante "O Melro", na cadência suave da "Musa em ferias", na delicadeza captivante dos "Simples", nas duras verdades da "Morte de D. João", na pungitiva commoção da "A Lágrima", na contrição das orações à Luz, ao Pão e ao Vinho , e tudo mais desse autor da "Patria" e tantos outros trabalhos de psychologia em rimas de ferro em ou sopro ameno da brisa ciciante.

Entre nós, tanto na prosa quanto no verso, ora, um poeta sublime como Gonsalves Dias, colosso, na expressão de Vieira de Castro; ora, um condoreiro incomparável, como Castro Alves, o cantor dos escravos eterno nas "Espumas Flutuantes" , na "Cachoeira de Paulo Affonso", na "Ode ao 2 de Julho", ou no "Navio Negreiro", em tudo finalmente, derivante de um cerebro ainda em flôr e tão cedo cadáver, mas, sempre o mesmo grandioso lyrico da phalange heróica da ultima geração. Ora, um Alvares de Azevedo, como o outro, flor em pó aos verdes annos, celebre nas "Noites da Taverna" ou na expressão em face à morte: "Que fatalidade, meu Pae!". Excesso de talento contra o excesso da vida, resultado de seiva em demazia em mente pouco sã, ausência de equilibrio natural decorrente do methodo ou meio de vida necessarios à conservação da existencia de um homem não commum, em Alvares de Azevedo, uma das mais lidimas esperanças da literatura nacional. Ora, um Tobias Bareto, poeta e doutor, o mestre do direito, o publicista, o humilde musico de philarmonica e sua pequena terra, e, mais tarde, o visionario em relação aos tempos actuaes do direito internacional, nos faucess hiantes do mais moderno canhão. Ora, um Laurindo Rebello, embora triste de mais; um Casimiro de Abreu; um Gonzaga de "Marilia" um Fagundes Varella; um Raymundo Correa, no vôo brando das "Pombas" ou no conceito philosophico do "Mal Secreto"; um Emilio de Menezes, de settas sempre de riste; um Machado de Assis, o grande critico; e, entre os vivos, os Alberto de Oliveira; Olavo Bilac, o principe e o sonhador; o Arthur de Salles o nosso pontifice; Borges dos Reis, lidario das gemmas brasileiras, traductor incomparavel da "Musa Franceza"; e, em summa, Roberto Correa, tão simples no trato e tão rico de inspiração, como o amiguinho das creanças. Ora, entre os tribunos dos tempos de nós mais proximos, Victorino Pereira, Cesar Zama, Pedro Americano, Fausto Cardoso, a victima da politica por amor à sua terra tão pequena em territorio e tão grande em talentos, e tão feliz com seus filhos de valor. Na epoca presente, em primeiro logar Ruy Barbosa, o sol deste Brasil, defensor tanto na paz quanto na guerra dos direitos da humanidade soffredora. Advogado dos grandes e dos humildes, dos poderosos e dos fracos. Delegado do nosso pensamento; embaixador do nosso sentimentalismo. Traductor impeccavel das nossas aspirações e dos nossos desejos, no concerto dos homens mais eminentes do mundo. Para elle, de nós todos, tudo de melhor nas homenagens, senão, para todos nós o plano inferior da nossa natural e justa veneração. Ao mesmo passo que, em logar de mór destaque, as Americas, a Europa, o universo, emfim, de braços em attitude amiga e cabeça curvas deante desse vulto tão pequeno no physico tão grande quanto um Deus. Para a hora terrivel de provações innominaveis da velha e culta Europa, em guerra de exterminio e de conquista, só o verbo inflamável e divino desse nosso Cicero, só a palavra evangelica do maior dos oradores do Brasil. Só a agua benta das suas conferencias magistraes sobre o direito das gentes na fervura indomavel das paixões em ebulição, no fogo acceso das ambições em jogo. Só o conforto de uma palavra como a desse apostolo do bem, desse missionario da fé, para estimulo dos combatentes, para balsamo às feridas, para allivio aos martyres e retemperamento da fibra dos defensores impreteritos do sacrossanto pendão das leis da humanidade. A Ruy Barbosa, fiel da balança desta Republica, filho amado da Bahia, orgulho do Brasil, os meus anelos bonançosos em pról de suas romagens do bem, da justiça, do trabalho e do amor aos fracos sob o poder dos mais fortes. A nós, o jubilo de uma raça inteira, o enthusiasmo de todos os patricios, olhos fixos no reflexo explendoroso desse astro de maior grandeza, no azulino céo da patria brasileira. De mim, pequenos demais, relativamente a sua immensidade o culto fervoroso ao seu talento, a veneração extrema à sua pessôa, o prazer de suas victorias retumbantes, uma homenagem simples como esta: seu nome, sua lembrança, num trabalho modesto qual o meu. Como philologo, conhecedor profundo da nossa lingua, orador fluente e imaginoso, dominador de massas populares, jornalista invencivel, jurista excelso e inegualavel, de mim, a citação de sua figura estupenda, a referencia à sua inconfundivel individualidade, para honra deste meu devaneio literario, producto exclusivo da minha paciencia e do meu grande esforço.

Agora, um hymno aos pés do throno do preclaro mestre, Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro. Quem mais senhor das imponencias da lingua portugueza que esse sabio preceptor de tantas gerações? Quem mais conhecedor das subtilezas do nosso bello idioma que esse glorioso arauto de tanto espirito brilhante, de tantos homens eminentes, sempre repeitadores da prata de sua cabeça, da felicidade do seu lar, da sua vida operosa, dos seus esforços ingentes no ensino da mocidade do Brasil? Ninguém mais do que elle. Em cada dia da sua labuta educativa em beneficio dos estudiosos, mais um fio branco como linho, nos seus nevados cabellos, mais um sulco na sua face austera, mais uma benção do ceo sobre o seu casal, todo amor, todo carinho, todo venturas sem par. Immortal nos "Serões Grammaticaes", bem como na celebre discussão do "Codigo Civil"; sublime nas suas conferencias, qual a ultima "Educação e Moral", electrisante, commovedora, eloquente, profunda e classica, em todas as suas obras, a rigidez de uma fibra tensa para o ensino, para a convicção por meio dos bons exemplos e dos melhores principios de sã philosophia. Sem offensas a outrem, sem receio dos milindres alheios, para o mestre excelso da nossa lingua, quer como o mais perfeito e mais completo investigador dos seus veios de ouro; quer como o maior dirigente de milheiros de estudantes, os meus emboras mais erfusivos, os meus applausos mais sinceros. Ao tempo em que, de mim, de todos os seus dilectos alumnos, seus amigos, um voto fervoroso pela conservação da sua vida, tão necessária à familia, quão util e proveitosa à comunhão social. No seu passado, um labaro (le esperanças na victoria da instrucção). Nas suas obras, um pendão em frente ao povo, conto um incentivo na peleja pela conquista de uma carta de abc. Num pedestal de ouro, tão luzente quão valioso, em relaçao aos sessenta annos de vida trabalhosa, a figura patriarchal e solemne desse idolo da mocidade, desse homem não commum, o Dr Ernesto Carneiro Ribeiro. E muito abaixo da peanha, na planicie das coisas vulgares, e, por isso mesmo, pequeninas, a plebe dos manuseadores dos bons livros. Mais abaixo ainda, na confusão do pó dos poucos conhecimentos, milhares de neophitos como eu. E para mim, seu nome refulgente, seu alto valimento, com fêcho desta minha variedade literária.

Hosannas, mestre!

Hosannas, grande educador!

Bahia, 1918"

O PROCESSO - FRANZ KAFKA

A todos que lidam ou convivem com processos, indico como leitura obrigatória o livro de Franz Kafka, cujo título é: O PROCESSO
Da leitura do livro e um comparativo com o nosso caos judiciário brasileiro, penso que a nossa situação é semelhante ao descrito no livro do poeta tcheco.
Seguem algumas célebres frases para a vida do ilustre autor:

“Todo erro humano é fruto da impaciência, do prematuro abandono do método, da ilusória fixação num sonho”

“O pecado original; aquela antiga falta cometida pelo homem, consiste na queixa que o homem faz – e jamais deixa de fazer – de que alguma iniqüidade foi cometida contra ele, de que foi ele um dia a vítima do pecado original”

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DECÁLOGO DO ADVOGADO

O Direito é a mais universal das aspirações humanas, pois sem ele não há organização social. O advogado é seu primeiro intérprete. Se não considerares a tua como a mais nobre profissão sobre a terra, abandona-a porque não és advogado.

O direito abstrato apenas ganha vida quando praticado. E os momentos mais dramáticos de sua realização ocorrem no aconselhamento às dúvidas, que suscita, ou no litígio dos problemas, que provoca. O advogado é o deflagrador das soluções. Sê conciliador, sem transigência de princípios, e batalhador, sem tréguas, nem leviandade. Qualquer questão encerra-se apenas quando transitada em julgado e, até que isto ocorra, o constituinte espera de seu procurador dedicação sem limites e fronteiras.

Nenhum país é livre sem advogados livres. Considera tua liberdade de opinião e a independência de julgamento os maiores valores do exercício profissional, para que não te submetas à força dos poderosos e do poder ou desprezes os fracos e insuficientes. O advogado deve ter o espírito do legendário El Cid, capaz de humilhar reis e dar de beber a leprosos.

Sem o Poder Judiciário não há Justiça. Respeita teus julgadores como desejas que teus julgadores te respeitem. Só assim, em ambiente nobre a altaneiro, as disputas judiciais revelam, em seu instante conflitual, a grandeza do Direito.

Considera sempre teu colega adversário imbuído dos mesmos ideais de que te reveste. E trata-o com a dignidade que a profissão que exerces merece ser tratada.

O advogado não recebe salários, mas honorários, pois que os primeiros causídicos, que viveram exclusivamente da profissão, eram de tal forma considerados, que o pagamento de seus serviços representava honra admirável. Sê justo na determinação do valor de teus serviços, justiça que poderá levar-te a nada pedires, se legítima a causa e sem recursos o lesado. É, todavia, teu direito receberes a justa paga por teu trabalho.

Quando os governos violentam o Direito, não tenhas receio de denunciá-los, mesmo que perseguições decorram de tua postura e os pusilânimes te critiquem pela acusação. A história da humanidade lembra-se apenas dos corajosos que não tiveram medo de enfrentar os mais fortes, se justa a causa, esquecendo ou estigmatizando os covardes e os carreiristas.

Não percas a esperança quando o arbítrio prevalece. Sua vitória é temporária. Enquanto fores advogado e lutares para recompor o Direito e a Justiça, cumprirás teu papel e a posteridade será grata à legião de pequenos e grandes heróis, que não cederam às tentações do desânimo.

O ideal da Justiça é a própria razão de ser do Direito. Não há direito formal sem Justiça, mas apenas corrupção do Direito. Há direitos fundamentais inatos ao ser humano que não podem ser desrespeitados sem que sofra toda a sociedade. Que o ideal de Justiça seja a bússola permanente de tua ação, advogado. Por isto estuda sempre, todos os dias, a fim de que possas distinguir o que é justo do que apenas aparenta ser justo.

Tua paixão pela advocacia deve ser tanta que nunca admitas deixar de advogar. E se o fizeres, temporariamente, continua a aspirar o retorno à profissão. Só assim poderás, dizer, à hora da morte:"Cumpri minha tarefa na vida. Restei fiel à minha vocação. Fui advogado".

BRASIL II

O nosso problema passa pelo excesso de abundância em tudo, gerando a cultura do desperdício em tudo, além do narcisismo nacional.
Tudo aqui é fartura.
Ninguém se importa com o coletivo, todos são atores de uma sociedade egoísta.
Tanto é que, para se praticar solidariedade neste País, são necessárias campanhas nacionais e os resultados são pífios.
Pior, é necessária uma campanha de solidariedade porque o dinheiro arrecadado de tributos que deveria combater as chagas do País, lá não chega.
Os anciãos, coitados, tiveram que ter uma lei aprovada (estatuto do idoso) para ver se seus direitos seriam respeitados, e não são!
Essa lei é a cara do País, a lei da falência social.
Ou seja, ninguém foi educado em casa que velho precisa ser respeitado, precisa ter prioridade. Tivemos que fazer uma lei para declarar o óbvio, quando depende apenas de ensinar as pessoas, especialmente os mais novos, dentro de casa e nas escolas. O próprio Governo, editor da lei, desrespeita-a.
Nossos legislativos ainda crêem que basta colocar normas (leis) no papel, e como num passe de mágica, a vida, a sociedade, os valores mudam, os problemas são solucionados.
O problema disso é que nossa inteligenza administrativa não confere poderes de fiscalização aos órgãos incumbidos de fazer cumprir as normas. Ou seja, fica o dito pelo não dito. 
Nós não passamos por nenhuma calamidade, nenhuma guerra, nenhuma revolução. Nada que realmente pudesse transformar o povo, a cultura, os valores, a administração das riquezas.
É evidente que temos problemas graves, mas ou eles ficam ao deus dará, ou é motivo de manutenção para exploração política (vide a indústria da seca e o atual "vale tudo" do Governo Federal, ao invés de uma política séria e verdadeira de geração de emprego, renda e dignidade).
Não há escassez de alimentos, de água, de minério, de terra, de mão de obra, etc.
O que há é cultura de colônia (explorativismo) praticada pelos próprios brasileiros, especialmente os que detém o capital; desperdício, lei de gérson; cada um por si e todos contra todos, e, diante de tanta riqueza (fauna, flora, minério, povo manso e passivo), uma assombrosa péssima administração.
E essa péssima administração se confunde com o intuito explorativista da colonização que ainda vige em muita gente.
É essa péssima herança da administração portuguesa que ainda vige na nossa inteligenza da administração da coisa pública, do Estado.
Portugal, enquanto império, e o único exemplo de um império que perdeu o poder para si mesmo, tinha por regra o modelo de alçar alguém ao posto de homem público e com poder, aquele que mais bem puxasse o saco do rei, o melhor bajulador. Tivemos um elemento na história tão prodigioso nessa arte que ele recebeu um presentinho do El Rei.
Ele recebeu o Brasil de presente - chamava-se Men de Sá. Quando ele aportou na Baía de Guanabara, que viu as matas, os índios, ele disse para si mesmo: o cão fica aqui, mas não eu. Partiu para a Índia e abandonou seu irmão por acá, Estácio de Sá, que morreu doente na divisa do ES (por favor, leiam os  livros de Eduardo Bueno).
Bem, voltando aos dias atuais, alguma coisa mudou em nossa administração, cujo modelo é o português, no que diz respeito ao quesito bajulação, amigo de algum homem público, o amigo do  amigo, o indicado pelo amido??? Claro que não.
O Judiciário, o Legislativo e tantos outros órgãos não querem de modo algum cortar o nepotismo de suas carnes...
Lógico, claro, evidente. Afinal de contas, são meus filhos, meus parentes, meus amigos, cunhado(a)s, amantes que agrega todos na coisa pública e eu a administro como se fosse minha propriedade particular.
Já a cultura da exploração da colônia nacional é até engraçada:
o sujeito trabalha anos a fio, os espertos sonegam tributos que é dinheiro da coletividade; e o que fazem? Vão gastar no exterior, na disneilândia. Levam a riqueza nacional para o exterior. Por quê? Porque não conhecem nem suportam as belezas nacionais, é muito brega, muito "chifrim"
É bem verdade que as vezes é mais barato viajar ao exterior do que fazer turismo no Brasil. Nesse caso, o débito é da nossa péssima administração. 
Há aqueles que dizem que preferem as reformas à revolução. Sinceramente, não sei...
A história mundial nos mostra que os países que sofreram revoluções, sofreram mudanças profundas e são exemplos no mundo moderno, tanto em valores, quanto em sociedade.
Também temos bons exemplos de países que passaram por reformas profundas (Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia, etc.), mas mesmos estes passaram por grandes necessidades.
A Noruega, por exemplo, até a década de 70, tinha IDH menor do que o da Argentina, mas transformou-se rapidamente com a descoberta de petróleo e com a exportação de tecnologia de papel celulose. Ou seja, socializou a riqueza...
Tudo isso, ao longo de 500 anos, reflete-se agora. Não administramos nem tampouco conhecemos a Amazônia. Não sabemos lidar com os problemas das "nações" indígenas. Não sabemos fazer cumprir as leis, distorcidas desde o nascedouro nos legislativos espalhados pelo País (municípios, estados e União).
E, para tudo, dá-se um jeitinho...
Não sei onde é que nós vamos parar e me preocupa muito o pleito de assento na cadeira de segurança da Onu.
Ora, se ainda não temos capacidade de resolver nossos próprios problemas, como é que poderemos ensinar os outros e ainda gastando dinheiro público para o exercício dessa vaga na ONU?
Ademais, para quê cadeira da segurança se não fabricamos um traque sequer para lançar na cabeça de quem quer que seja, se necessário for?
Sim, pois, não sejamos hipócritas. Alguns países que têm assento no Conselho da ONU não são exemplos de democracia nem de sociedade justa, mas porque detém grande aparato bélico, a exemplo da Rússia e da China.
Nós não somos nem uma coisa, nem outra. Digo: nem somos ainda uma nação (democracia plena) e nem temos aparato bélico para dar as cartas na mesa ou em algum lugar que se mostrar necessário.
Alías, nós saímos da condição de devor mundial recentemete. E devedor, você sabe né, não tem moral em lugar algum.
Segundo Cícero: "se queres paz, prepare-se para a guerra"
No mundo dos homens, somente com demonstração de armamento, pode-se ser respeitado e ficar em paz.