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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

BRASIL II

O nosso problema passa pelo excesso de abundância em tudo, gerando a cultura do desperdício em tudo, além do narcisismo nacional.
Tudo aqui é fartura.
Ninguém se importa com o coletivo, todos são atores de uma sociedade egoísta.
Tanto é que, para se praticar solidariedade neste País, são necessárias campanhas nacionais e os resultados são pífios.
Pior, é necessária uma campanha de solidariedade porque o dinheiro arrecadado de tributos que deveria combater as chagas do País, lá não chega.
Os anciãos, coitados, tiveram que ter uma lei aprovada (estatuto do idoso) para ver se seus direitos seriam respeitados, e não são!
Essa lei é a cara do País, a lei da falência social.
Ou seja, ninguém foi educado em casa que velho precisa ser respeitado, precisa ter prioridade. Tivemos que fazer uma lei para declarar o óbvio, quando depende apenas de ensinar as pessoas, especialmente os mais novos, dentro de casa e nas escolas. O próprio Governo, editor da lei, desrespeita-a.
Nossos legislativos ainda crêem que basta colocar normas (leis) no papel, e como num passe de mágica, a vida, a sociedade, os valores mudam, os problemas são solucionados.
O problema disso é que nossa inteligenza administrativa não confere poderes de fiscalização aos órgãos incumbidos de fazer cumprir as normas. Ou seja, fica o dito pelo não dito. 
Nós não passamos por nenhuma calamidade, nenhuma guerra, nenhuma revolução. Nada que realmente pudesse transformar o povo, a cultura, os valores, a administração das riquezas.
É evidente que temos problemas graves, mas ou eles ficam ao deus dará, ou é motivo de manutenção para exploração política (vide a indústria da seca e o atual "vale tudo" do Governo Federal, ao invés de uma política séria e verdadeira de geração de emprego, renda e dignidade).
Não há escassez de alimentos, de água, de minério, de terra, de mão de obra, etc.
O que há é cultura de colônia (explorativismo) praticada pelos próprios brasileiros, especialmente os que detém o capital; desperdício, lei de gérson; cada um por si e todos contra todos, e, diante de tanta riqueza (fauna, flora, minério, povo manso e passivo), uma assombrosa péssima administração.
E essa péssima administração se confunde com o intuito explorativista da colonização que ainda vige em muita gente.
É essa péssima herança da administração portuguesa que ainda vige na nossa inteligenza da administração da coisa pública, do Estado.
Portugal, enquanto império, e o único exemplo de um império que perdeu o poder para si mesmo, tinha por regra o modelo de alçar alguém ao posto de homem público e com poder, aquele que mais bem puxasse o saco do rei, o melhor bajulador. Tivemos um elemento na história tão prodigioso nessa arte que ele recebeu um presentinho do El Rei.
Ele recebeu o Brasil de presente - chamava-se Men de Sá. Quando ele aportou na Baía de Guanabara, que viu as matas, os índios, ele disse para si mesmo: o cão fica aqui, mas não eu. Partiu para a Índia e abandonou seu irmão por acá, Estácio de Sá, que morreu doente na divisa do ES (por favor, leiam os  livros de Eduardo Bueno).
Bem, voltando aos dias atuais, alguma coisa mudou em nossa administração, cujo modelo é o português, no que diz respeito ao quesito bajulação, amigo de algum homem público, o amigo do  amigo, o indicado pelo amido??? Claro que não.
O Judiciário, o Legislativo e tantos outros órgãos não querem de modo algum cortar o nepotismo de suas carnes...
Lógico, claro, evidente. Afinal de contas, são meus filhos, meus parentes, meus amigos, cunhado(a)s, amantes que agrega todos na coisa pública e eu a administro como se fosse minha propriedade particular.
Já a cultura da exploração da colônia nacional é até engraçada:
o sujeito trabalha anos a fio, os espertos sonegam tributos que é dinheiro da coletividade; e o que fazem? Vão gastar no exterior, na disneilândia. Levam a riqueza nacional para o exterior. Por quê? Porque não conhecem nem suportam as belezas nacionais, é muito brega, muito "chifrim"
É bem verdade que as vezes é mais barato viajar ao exterior do que fazer turismo no Brasil. Nesse caso, o débito é da nossa péssima administração. 
Há aqueles que dizem que preferem as reformas à revolução. Sinceramente, não sei...
A história mundial nos mostra que os países que sofreram revoluções, sofreram mudanças profundas e são exemplos no mundo moderno, tanto em valores, quanto em sociedade.
Também temos bons exemplos de países que passaram por reformas profundas (Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia, etc.), mas mesmos estes passaram por grandes necessidades.
A Noruega, por exemplo, até a década de 70, tinha IDH menor do que o da Argentina, mas transformou-se rapidamente com a descoberta de petróleo e com a exportação de tecnologia de papel celulose. Ou seja, socializou a riqueza...
Tudo isso, ao longo de 500 anos, reflete-se agora. Não administramos nem tampouco conhecemos a Amazônia. Não sabemos lidar com os problemas das "nações" indígenas. Não sabemos fazer cumprir as leis, distorcidas desde o nascedouro nos legislativos espalhados pelo País (municípios, estados e União).
E, para tudo, dá-se um jeitinho...
Não sei onde é que nós vamos parar e me preocupa muito o pleito de assento na cadeira de segurança da Onu.
Ora, se ainda não temos capacidade de resolver nossos próprios problemas, como é que poderemos ensinar os outros e ainda gastando dinheiro público para o exercício dessa vaga na ONU?
Ademais, para quê cadeira da segurança se não fabricamos um traque sequer para lançar na cabeça de quem quer que seja, se necessário for?
Sim, pois, não sejamos hipócritas. Alguns países que têm assento no Conselho da ONU não são exemplos de democracia nem de sociedade justa, mas porque detém grande aparato bélico, a exemplo da Rússia e da China.
Nós não somos nem uma coisa, nem outra. Digo: nem somos ainda uma nação (democracia plena) e nem temos aparato bélico para dar as cartas na mesa ou em algum lugar que se mostrar necessário.
Alías, nós saímos da condição de devor mundial recentemete. E devedor, você sabe né, não tem moral em lugar algum.
Segundo Cícero: "se queres paz, prepare-se para a guerra"
No mundo dos homens, somente com demonstração de armamento, pode-se ser respeitado e ficar em paz.

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