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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

DEPRESSÃO MASCULINA

Sintomas de depressão nos homens
Existe uma contradição nos dados sobre a depressão: ela é dada como muito mais comum nas mulheres; no entanto, os homens são quatro vezes mais vítimas de suicídio. Não parece existir uma falha qualquer nesses dados?
É muito provável que os números sejam reflexos do fato de que a sintomatologia da depressão se expressa de modo bem diferente nos homens: sem pedido de ajuda, sem lágrimas, sem demonstração de tristeza.
Em vez de chorar e se prostrar, eles correm demais com o carro, e se metem em muito mais acidentes do que a contraparte feminina da população; podem beber demais nas happy hours, nos fins de semana, ou mesmo diariamente, em casa; que será que expressam com sua truculência, que tantas vezes os metem em situações de risco, ou os isolam socialmente? Não seriam esses os seus sintomas de depressão?
Uma coisa é certa: no homem, a depressão não se apresenta necessariamente como a mistura de tristeza, culpa e isolamento, que dominam os critérios diagnósticos - e a percepção geral - do transtorno. A conseqüência pode ser trágica: a depressão, nos homens, pode passar despercebida até para os profissionais especializados.
A depressão, sabemos todos, envolve altos riscos: são vidas e mais vidas literalmente destruídas, empregos perdidos, relacionamentos arruinados. Alguns especialistas chegam a ver o espectro da depressão como causa primária de crimes, drogas e conduta anti-social.
Diante das evidentes contradições, o diagnóstico da depressão está sob revisão: os profissionais da saúde mental estão reconhecendo que pelo menos metade dos homens deprimidos fica sem o diagnóstico apropriado, porque a sintomatologia da depressão, neles, não se enquadra nos padrões conhecidos.
Alguns homens deprimidos podem ter como sintoma, a impotência sexual, a perda de interesse no sexo, anedonia (sexual).  Psiquiatricamente, a depressão emocional, através de seu sintoma básico e universal que é a perda da capacidade de sentir prazer (anedonia), tem sido a maior responsável pelas queixas de impotência por disfunção erétil ou mesmo por ejaculação precoce.
Outros se tornam promíscuos, fazendo do prazer sexual sua válvula de escape - talvez numa tentativa desesperada de resgatar a alegria de viver.
Muitos homens reclamam de sintomas físicos, bastante comuns nos quadros depressivos: insônia, fadiga, dores de cabeça, problemas estomacais. E nunca chegam a aventar a hipótese de que sejam provocados por problemas psicológicos (Claro! Isso não é coisa de homem...).
Comparados às mulheres deprimidas, os homens deprimidos têm muito maior probabilidade de se comportar irresponsavelmente, beber pesado, ou fazer uso de outras drogas, abusarem da velocidade no trânsito, ou se meter em brigas. Para eles, em vez de se sentir inseguros, é mais fácil queixar-se, brigar e xingar quem está por perto, acusando-os de os tratarem mal, ou de fazerem tudo errado.
A raiva, que a maioria dos homens aprende a gerenciar, torna-se a máscara das mais profundas angústias que os assolam. Em vez de chorar, eles brigam, xingam, esbravejam. Reclamam da mulher, dos filhos, do trabalho, dos amigos, do chefe, do tempo, da política. Tudo está errado - contanto que não haja nada errado com eles próprios.
A mudança nos critérios de diagnóstico não atinge somente psicólogos e psiquiatras: coincide com a revisão de critérios diagnósticos em outras áreas da medicina. Os clínicos, hoje, reconhecem que homens e mulheres podem apresentar sintomas diferentes para a mesma doença.
No caso da depressão, a diferença na sintomatologia se deve, muito provavelmente, a conceitos profundamente arraigados na alma masculina: tristeza é fraqueza. Falta de vitalidade? É preguiça. Preocupação? É responsabilidade. Para os homens, é embaraçoso admitir tristeza - e a diferença entre ser triste e ser preguiçoso é muito sutil, ameaçando sua auto-estima e auto-avaliação. Então, eles não podem admitir os sintomas, nem para eles mesmos.
Sem tratamento, a depressão é perigosa. O quadro pode agravar-se, e a conseqüência pode ser funesta: o suicídio é o maior risco nas depressões graves. O tratamento envolve psicoterapia e medicação. Afinal, é a combinação de ambas que se mostra mais eficiente no tratamento da depressão.
Cibele Ruas é psicóloga clínica

Depressão Masculina
Onete Ramos Santiago - Psicóloga
A depressão masculina é um tema menos falado do que a feminina porque os homens são resistentes em tocar nos seus problemas e tendem a mascarar a depressão por uma série de caminhos. Por exemplo, um homem deprimido diz que está com déficit de memória. Outro diz que está com insônia. Sabe-se que déficit de memória, raciocínio lento, insônia, etc., são sintomas de depressão. O preconceito masculino ou o desconhecimento e falta de contato com seu self fazem com que o homem defina o sentimento dessa forma.
Mas, o mascaramento forma um índice alto e é preciso que os homens tomem contato com isso. Outros sintomas da depressão, tanto masculina quanto feminina, ficam por conta de embotamento emocional, falta de interesse por afetos (filhos, amigos, mulheres), a falta de interesse pelo trabalho, apatia geral, perda da libido, alterações do apetite (para mais ou para menos), sonolência excessiva, cansaço geral, etc.
A depressão tem, geralmente, e como primeiro sinalizador, uma tristeza infinda e até este sintoma os homens costumam mascarar (a tristeza é feminina no conceito masculino). Então, eles a transformam numa raiva e irritação crônicas que acabam confundindo os profissionais menos avisados.
As mulheres são mais afetivas e buscam se curar da tristeza procurando afetos substitutos - amigos, trabalhos assistenciais, trabalhos manuais - cestaria, tecelagem, pintura, etc.; já os homens se isolam de todos e tendem

a agir com agressividade.

E as causas da depressão? A depressão tem causas existenciais e funcionais. Dentre as funcionais, os neurotransmissores - serotonina, norepinefrina, dopamina e outros têm um bom peso. Neurotransmissores são substâncias que carregam os impulsos nervosos de um neurônio para outro, fazendo as conexões. Se, por alguma irregularidade, genética ou não, os neurotransmissores sofrem qualquer abalo pode aparecer à depressão ou outro problema psicológico.
Hoje, sabe-se que a queda de neurotransmissores no organismo pode ser provocada também por estados constantes e desfavoráveis de vida - desapoio, desconsiderações, desconfirmações assíduas e perenes - podem abalar profundamente nosso estado de alma. Então, a postura mais exata atual é afirmar que a psiqué influi em nosso corpo e nosso corpo influi em nossa psiqué.
Na depressão masculina, vê-se também um grande contingente de homens recorrendo ao álcool para camuflar a tristeza; só que seu uso constante só faz agravar os sintomas do mal. Outros recorrem ao fumo, às drogas, a noitadas fora de casa com amigos, ao sexo compulsivo.
A depressão, seja ela por qual motivo for, tem que ser tratada. Há um risco de 15% de suicídios nas depressões não tratadas (principalmente nos homens). Fora deste encaminhamento extremado, sabe-se também que a depressão masculina favorece mais do que o dobro de chances do homem desenvolver doenças cardíacas, câncer, diabetes e outras doenças, além de provocar um envelhecimento masculino mais acelerado e uma deficiência de testosterona.
Vale ressaltar, finalmente, para os homens que a depressão não é sinal de fraqueza (que em nossa cultura ainda é proibitiva aos homens), mas que sim, trata-se de um problema para o qual há tratamento e atendimento. 

Isolar-se é o pior.


Depressão: Amante causadora de muitas separações
Dr. Luís Carlos Calil
Depressão é uma doença muito comum em todas as sociedades. Tem aumentado sua freqüência em populações mais jovens. É a segunda causa de morte (por suicídio), superada apenas por acidentes entre os jovens americanos.
Ocorre em todas as idades, sua incidência atinge cerca de 6% da população, e cerca de 20% das pessoas irão apresentar ao menos um episódio depressivo ao longo da vida. Pode se apresentar de várias maneiras, aí é que começa a complicação.
A definição de depressão pela Organização Mundial de Saúde (OMS), através da Classificação Internacional de Doenças (CID - 10), implica que devam estar presentes em graus variados de intensidade, nos episódios típicos, humor deprimido, perda de interesse e prazer nas atividades, energia diminuída levando a uma fadiga aumentada e atividade diminuída.
Podem ocorrer idéias suicidas, e pessoas deprimidas suicidam trinta vezes mais que a população geral. Hoje se sabe que a depressão é acompanhada por alterações em substâncias no Sistema Nervoso Central, os neurotransmissores, principalmente a noradrenalina e a serotonina. É também vista como uma condição crônica em muitos casos necessitando tratamento prolongado.
Cerca de dois terços dos deprimidos não procuram ajuda médica, tentam se tratar com receitas caseiras, uso de vitaminas, busca religiosa e outros recursos.
Contudo a depressão não se limita a alterações neurobiológicas. É antes uma experiência de profunda dor, que mobiliza os sentimentos mais primitivos tanto no deprimido como nas pessoas com quem convive.
Ocorre que entre os deprimidos observam-se comportamentos que visam reduzir o mal estar, e alguns destes comportamentos é que definimos como "Amante" causadora de separações.
A pessoa deprimida está com os piores sentimentos em relação a si mesmos, com idéias de culpa, de inutilidade, redução da autoconfiança e auto-estima. É compreensível que alguém neste estado queira se livrar dele, da maneira que puder. Que sinta inveja de quem não está deprimido, e que fique mais amarga e hostil na convivência.
Muitas vezes o deprimido apresenta redução do desejo sexual, se o parceiro não compreende, pode acusar o outro de estar com amante. Outras vezes o deprimido pode ao contrário apresentar comportamento promíscuo, buscando relações sexuais descabidas na tentativa heróica de aliviar sua angústia. Pode fazer uso de bebidas alcoólicas e drogas com a mesma finalidade. O bem estar é passageiro, o sentimento de culpa e irritabilidades aumentam, o desempenho no trabalho fica mais comprometido. Se neste momento de intensa fragilidade houver perda de emprego, conflitos ou separações conjugais, o risco de suicídio se potencializa.
Não é hora de julgar comportamentos, é momento de compreensão - o deprimido está fazendo o que pode para sobreviver, não que seja o melhor, mas é o melhor que pode fazer.
Esta pessoa que já se sente só ficará realmente desamparada, e na companhia dos piores sentimentos que pode experimentar.
Quando duas pessoas se unem, fala-se em comunhão de bens; que estarão unidos na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Quanto à comunhão de bens e união na saúde e alegria, não há grandes problemas, contudo quando surgem os males, as doenças, as tristezas, o que era antes meu bem pra cá, meu bem pra lá, muitas vezes culmina em separação e acaba com meus bens pra cá, e seus bens pra lá - suas doenças e seus males também.
Ninguém diria a uma pessoa com a perna fraturada, para ela andar e fazer passeios para a perna melhorar. É comum, familiares, amigos e às vezes médicos tentarem ajudar como podem. Dizem a pessoas deprimidas para esquecer os problemas, ou que não tem problemas para se deprimir, que existem pessoas em pior situação e não se entregam, ou sugerem férias e passeios. A tolice é tão grande como quando o deprimido usa drogas ou sexo para melhorar seu mal.
Partilhar e entender esta experiência de dor não é tarefa fácil e não depende só de boa vontade. Depende de condição interna para acolher até onde possível essa angústia, e encaminhar o companheiro que padece desse mal a quem de competência para tratamento adequado.
A metade dos deprimidos que procuram ajuda médica, procuram clínicos, em função de seu mal estar físico e certo preconceito quanto a procurar psiquiatras. Após vários exames clínicos normais, e infelizmente algumas prescrições de "calmantes", que mais agravam a depressão, cerca de 5 % dos deprimidos chegam ao psiquiatra. Se o tratamento for bem conduzido com uso de medicamentos, e algumas vezes auxílio de psicoterapia, 80% dos casos respondem ao tratamento. Ainda existem casos refratários a todos os tratamentos existentes. 
Dedico este texto a todas as pessoas que experimentam ou experimentaram a dor da depressão, tão difícil de ser expressa. Dedico também a seus familiares e companheiros, na esperança de que possam compreender melhor e respeitar essa dor, talvez a mais humana das dores.
Dr. Luís Carlos Calil
Professor da Disciplina de Psiquiatria Clínica da FMTM - Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria

6 comentários:

  1. TENHO UM IRMÃO COM TODOS OS SINTOMAS RELATADOS POR ESSE ARTIGO MEU MAIOR TEMOR É O SUICIDIO..ELE TEM 32 ANOS ESTOU TENTANDO APOIA-LO MAS VAMOS BUSCAR AJUDA ESPIRITUAL E PROFISSIONAL

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    1. Sim, faça isso, mesmo que seja muito difícil. Todos nós precisamos.
      Shalom, João.

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  2. meu marido esta passando por isso, devo deixar a cama, e ir para outro quarto?

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    1. Olá!
      Creio que você, no seu íntimo, deve conhecê-lo muito bem.
      Assim, não creio que esta seria a melhor decisão. Afastar-se...
      Seu ato requererá muita paciência e doação.
      Por ser mulher, e com quem ele tem vínculo e compromisso, é a pessoa mais indicada para acolhê-lo, no ambiente mais seguro, que é o lar, o quarto e a cama de vocês.
      Ainda que ele se mostre rebelde, irritado ou desinteressado; é de você que ele não espera cobrança e exigências.
      Com efeito, é muito difícil, pois, será necessário encontrar o equilíbrio a todo momento, até nas coisas mais simples ou naquilo que deveria ser lúdico e prazeroso.
      Decidindo acolhê-lo, você demonstrará que é mais forte que ele e que é o porto seguro dele.
      Mas é extremamente importante ter uma conversa franca e concluir que se deve buscar tratamento psiquiátrico e psicológico.
      Apoio religioso também é muito importante.
      Espero ter ajudado.
      Shalom, JD

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  3. ele se fechou em concha, nao quer contato fisico, e qdo eu tento abraça-lo ele chora, eu sinto q ele nao quer chamego. Nao sei na verdade o q faço, fico muito na minha me calo para nao gerar conflito, pq tudo irrata ele. Ta dificil, pq so dormiamos grudados e durante o dia sempre fazendo um carinho no outro. Ja marcamos psicologo, devo conversar com esse profissional para saber como lidar com meu marido ou tdo vai voltando ao normal?

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    1. Sim. Deve conversar com o psicólogo e este orientará como deve agir.
      Peça para indicar também um psiquiatra, que poderá prescrever remédio e que é muito importante.
      Shalom, João.

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