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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PALAVRAS DE RUY BARBOSA

Prezados (as),

Faz parte da vida, a convivência com pessoas que não passam pela nossa existência sem deixar a sua marca. A história do homem está repleta desses exemplos, sendo o maior e inalcançável o de Jesus Cristo, que teve a proeza de dividir a cronologia da história do mundo em antes d´Ele e depois d´Ele, tamanho o impacto da sua doutrina na determinação dos rumos da humanidade.

Vemos que essas pessoas têm uma característica em comum, a de ser mestre. Qualidade essa que me parece não ter sido suficientemente valorizada, haja vista a falta de desejo, de motivação dos jovens dos nossos dias em querer se dedicar ao sacerdócio do magistério, uma função social que é muito mais do que uma profissão, é um, como já frisado, sacerdócio, ou seja, demanda-se muito mais do que o querer, é preciso ser vocacionado para tal.

Não querendo me delongar nas considerações iniciais reproduzo um brilhante discurso de alguém que passou na história, mas não o fez despercebido, deixou a marca de um grande mestre, o Jurista baiano Ruy Barbosa, que no Colégio Anchieta na cidade do Rio de Janeiro, proferiu as seguintes palavras:

“Palavras à juventude:

Mocidade vaidosa não chegará jamais a virilidade útil. Onde os meninos nos comparem de doutores, os doutores não passarão de meninos. A mais formosa das idades ninguém porá em dúvida que seja a dos moços: todas as graças a enfloram e coroam. Mas de todas se despiu, em sendo presunçosa. Nos tempos de preguiça e ociosidade cada indivíduo nasce a regurgitar de qualidades geniais. (...) Dos seus lentes desdenham, nos seus maiores desfazem, chocarreiam dos mais adiantados em anos. Para saber a política, não lhes foi mister conhecer o mundo, ou tratar os homens. Extasiados nas frases postiças e nas idéias ressonantes, vogam à discrição dos enxurros da borrasca, e colaboram nas erupções da anarquia. Não conhecem a obediência aos superiores e a reverência aos mestres. São os árbitros do gosto, o tribunal das letras, a última instância da opinião. Seus epigramas crivam de sarcasmo as senhoras nas ruas; suas vaias sobem, nas escolas, até à cátedra dos professores. É uma superficialidade satisfeita e incurável, uma precocidade embolada e gasta, mais estéril que a velhice. Deus a livre a esta de tais sucessores, e vos preserve de semelhantes modelos.

(...)

 Habituai-vos a obedecer, para aprender a mandar. Costumai-vos a ouvir, para alcançar a entender. Não delireis nos vossos triunfos. Para não arrefecerdes, imaginai que podeis vir a saber tudo; para não presumirdes, refleti que, por muito que souberdes, mui pouco tereis chegado a saber. Sede, sobretudo, tenazes, quando o objeto almejado se vos furtar na obscuridade avara do ignoto. Profundai a escavação, incansáveis como o mineiro no garimpo. De um momento para o outro, no filão resistente se descobrirá, talvez, por entre a ganga, o metal precioso.

 Haveis de ouvir falar amiúde em portentos e monstros, cuja capacidade consumada e deslumbrante do seio materno, como Palas da cabeça de Júpiter. O portento pagão se renova, entre nós, debaixo de todos os tetos. Cada família se gaba de uma águia. Triste ilusão da paternidade mal equilibrada. Os gênios são meteoros raros, nem sempre benéficos. E raramente serão frutos espontâneos da natureza; as mais das vezes os cria a paciência e a perseverança. É a assiduidade na educação metódica e sistemática de nós mesmos o que descobre as grandes vocações e os grandes observadores, os grandes inventores, os grandes homens de Estado.”

Ruy Barbosa

Atenciosamente,

Adson Thiago Oliveira Silva

Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental

Secretaria de Estado de Economia e Planejamento

Subsecretaria de Planejamento - SUBEP

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